PS: Crises na governação não abalam sondagens

Os períodos mais difíceis da governação abalaram muito pouco as intenções de voto nos socialistas, que desde o Verão do ano passado mantêm uma vantagem mínima de dez pontos sobre o PSD. À maioria absoluta o PS parece não chegar sozinho, mas basta-lhe o apoio de um só partido para a garantir.

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António Costa está tranquilo: o PS parece ter a vitória garantida em 2019 LUSA/PAULO NOVAIS

Duas sondagens divulgadas com três dias de diferença revelam dados contraditórios sobre as intenções de voto nos dois principais partidos: numa, o PS desce e o PSD sobe; na outra acontece o contrário. Mas numa leitura mais global, o ponteiro pouco mexe. O PS mantém-se a uma distância muito confortável do PSD – entre 11 e 15 pontos percentuais –, tal como no Verão do ano passado. Uma tendência que parece apontar para a irreversibilidade da vitória dos socialistas.

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Duas sondagens divulgadas com três dias de diferença revelam dados contraditórios sobre as intenções de voto nos dois principais partidos: numa, o PS desce e o PSD sobe; na outra acontece o contrário. Mas numa leitura mais global, o ponteiro pouco mexe. O PS mantém-se a uma distância muito confortável do PSD – entre 11 e 15 pontos percentuais –, tal como no Verão do ano passado. Uma tendência que parece apontar para a irreversibilidade da vitória dos socialistas.

Depois do empate técnico entre os dois principais partidos por altura das legislativas de 2015, desde Março de 2016 que o PS descolou do PSD e foi acentuando essa diferença nas sondagens, como se pode perceber no gráfico elaborado pelo site europeu Poll of Polls e também num outro divulgado pelo politólogo Pedro Magalhães no Facebook.

No Verão de 2017 a diferença atingiu os 15 pontos percentuais, e, apesar das oscilações verificadas com os incêndios de Outubro desse ano e do último Verão (a diferença entre os dois rondou os dez pontos percentuais nos barómetros da Aximage de Maio e Junho), a distância voltou a acentuar-se agora, mesmo depois das polémicas sobre Tancos e a substituição da procuradora-geral da República. Ou seja, os momentos políticos mais difíceis do actual Governo nunca puseram em causa a vitória do PS.

A consulta de opinião da Eurosondagem para o Expresso e a SIC, divulgada no fim-de-semana, dá ao PS uma percentagem de 41,8% das intenções de voto, mais 0,4 pontos em relação à efectuada Setembro (e menos 0,2 do que em Julho). Já no estudo feito pela Aximage para o Jornal de Negócios e o Correio da Manhã, os inquiridos apontam para uma quebra de 1,1 pontos dos socialistas, que recolhem 37,8% das intenções de voto, quando um mês antes contavam com 38,9% das intenções de voto (menos um ponto percentual do que em Setembro, neste que é o único barómetro mensal realizado em Portugal).

É certo que entre as duas sondagens há diferenças assinaláveis: o universo da Eurosondagem é sempre superior a mil inquiridos, enquanto o barómetro da Aximage ronda as 600 pessoas. E enquanto esta última empresa divulga as intenções de voto incluindo a percentagem de indecisos, a primeira não o faz, o que pode alterar as leituras globais.

Apesar disso, os dados absolutos em relação ao PSD são muito semelhantes: 26,4% de intenção de voto segundo a Aximage, menos 0,4 pontos que na Eurosondagem. No entanto, nas duas sondagens os sociais-democratas surgem com dinâmicas opostas: a subir na Aximage (+2,4 pontos em relação a Outubro); e a descer na Eurosondagem (menos 0,7 pontos em relação a Setembro).

Algumas diferenças são também assinaláveis em relação aos partidos mais pequenos: no último estudo da Eurosondagem, BE, CDS e PCP estão todos na casa dos 7%, enquanto no da Aximage a variação chega aos três pontos (9,1% para o BE e 6,2% para o PCP, com o CDS nos 7,7%). No entanto, tudo se esbate numa leitura global, em que o PS não parece conseguir remar em direcção à maioria absoluta, mas basta-lhe a mão de um único partido para a alcançar.

A constância deste cenário ao longo do tempo, apesar dos períodos mais difíceis da governação, sugere ser provável que ele se mantenha ao longo do ano eleitoral de 2019, a não ser que algo imprevisível e muito extraordinário aconteça. E aqui os indicadores económicos podem ser mais determinantes que os políticos.

Outro dado a ter em conta nestas duas sondagens é a forma como a popularidade do Presidente da República foi afectada no último mês: em ambas Marcelo Rebelo de Sousa vê descer a percentagem de inquiridos que avaliam positivamente a sua actuação, provavelmente por causa da polémica de Tancos. Mas também aqui os resultados das duas empresas são divergentes: enquanto na Aximage o Presidente regista a mais baixa popularidade desde que chegou a Belém – com uma nota de 17 valores, quando já atingiu os 18,5 -, na Eurosondagem conseguiu subir meio ponto percentual em relação a Setembro, graças a uma diminuição das avaliações negativas sobre a sua actuação.