Empresa oferece “remuneração acima da média” para atrair estivadores a Setúbal
Trabalhadores eventuais em protesto desde o dia 5 concentram-se, agora, à porta da empresa que pertence ao grupo turco Yilport.
“Estamos a recrutar estivadores para o porto de Setúbal M/F. Oferecemos contrato sem termo. Remuneração acima da média”, descreve o primeiro anúncio para contratar estivadores. E os trabalhadores precários mudaram o local do protesto, abandonando a entrada dos terminais de Setúbal para se colocarem à porta da empresa Operestiva, que gere o trabalho portuário no porto de Setúbal e que integra o grupo Yildirim.
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“Estamos a recrutar estivadores para o porto de Setúbal M/F. Oferecemos contrato sem termo. Remuneração acima da média”, descreve o primeiro anúncio para contratar estivadores. E os trabalhadores precários mudaram o local do protesto, abandonando a entrada dos terminais de Setúbal para se colocarem à porta da empresa Operestiva, que gere o trabalho portuário no porto de Setúbal e que integra o grupo Yildirim.
Jorge Brito, um dos estivadores em protesto, explicou, numa reportagem da TVI, que os trabalhadores à porta da empresa pretendem explicar aos potenciais interessados no anúncio de contratação que “o que está a acontecer a este grupo de trabalhadores pode acontecer a outros”.
Os trabalhadores dizem que vão manter a vigília à porta da sede da empresa. E a Operestiva, pela voz do seu gerente, Diogo Marecos, continua a insistir que está disponível para se sentar à mesa a negociar contratações “de imediato”, embora avisando que só está disponível para discutir os problemas do porto de Setúbal, e alargar o número dos trabalhadores no quadro desta infra-estrutura portuária. “É neste porto que há problemas. Não faz sentido aquele sindicato [o SEAL - Sindicato dos Estivadores e da Actividade Logística] vir dizer que quer discutir um problema global, dos outros portos. A Operestiva só trata do porto de Setúbal”, sublinhou, aos microfones da TVI.
As divergências poderão, assim, prolongar-se por muito mais tempo. O SEAL defende que para alcançar “uma solução duradoura nos portos nacionais” é fundamental sentar à mesa das negociações os três grupos que dominam os portos nacionais, a Yildirim, a ETE e o grupo Sousa.
Enquanto isso, a Operestiva tem um processo de recrutamento em curso e quer juntar mais 30 trabalhadores aos dez estivadores que tem no quadro, já que ninguém entre os que integram a actual bolsa de operários está disponível a fazê-lo. Diogo Marecos admite a situação desequilibrada do número de funcionários que integram a bolsa, e lembra que esta já chegou a ter mais de 200 pessoas.
“Devemos perceber que se trata de um trabalho específico, por isso existe a lei de trabalho portuário que teve de ser aprovada por dois terços da Assembleia. Por enquanto, a empresa só tem condições de fazer contrato com mais trinta trabalhadores. Se as linhas e as cargas regressarem a Setúbal, pode ser que seja possível aumentar o número de trabalhadores no quadro”, diz Marecos. As cargas já começaram a ser desviadas do porto, admite.
O gerente da empresa diz que a Operestiva não acordou agora para este problema de ter um quadro de funcionários desequilibrado, recordando que a primeira proposta para negociar a entrada de 26 pessoas na Operestiva foi enviada ao SEAL em Junho. “Ainda estamos à espera da resposta”, diz.
Foi, aliás, nessa altura que começaram a ganhar corpo os protestos do SEAL contra o que dizem ser a existência de discriminações no Porto de Leixões e do Caniçal. De tal modo, que umas semanas depois acabaram por decretar uma greve ao trabalho suplementar em oito portos a nível nacional, que ainda se mantém, pelo menos até 1 de Janeiro de 2019.