Governo de Netanyahu sobrevive com recuo de aliado
Ministro da Educação Naftali Bennett desistiu da sua exigência para a pasta da Defesa, que será ocupada pelo próprio Netanyahu. Políticos israelitas estão, no entanto, em pré-campanha.
O Governo de Benjamin Netanyahu, uma coligação de partidos de direita, nacionalistas e religiosos, sobreviveu à ameaça de saída de um dos ministros, Naftali Bennett, do partido Casa Judaica, que exigira a pasta da Defesa. Netanyahu recusou, e Israel preparou-se para a queda do Governo e eleições antecipadas. Esta segunda-feira, Bennett recuou. “Às vezes ganha-se, às vezes perde-se”, disse.
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O Governo de Benjamin Netanyahu, uma coligação de partidos de direita, nacionalistas e religiosos, sobreviveu à ameaça de saída de um dos ministros, Naftali Bennett, do partido Casa Judaica, que exigira a pasta da Defesa. Netanyahu recusou, e Israel preparou-se para a queda do Governo e eleições antecipadas. Esta segunda-feira, Bennett recuou. “Às vezes ganha-se, às vezes perde-se”, disse.
Ao assumir a pasta da Defesa, Netanyahu jogou os seus créditos que o afastam dos outros políticos do seu executivo: a sua impecável folha de serviço militar, com a participação, e depois chefia, de uma unidade de elite do exército, a participação em missões delicadas e perigosas, em que ficou várias vezes ferido em combate. Quando assina uma missão, Netanyahu sabe o que implica, pois esteve no terreno.
Essa experiência serve para contrabalançar o descontentamento de muitos em Israel pelo que viram como uma fraqueza de Netanyahu: assinar um cessar-fogo na Faixa de Gaza após uma operação falhada dos militares israelitas no interior do território controlado pelo Hamas, disparo de centenas de rockets pelo Hamas e operações da força aérea israelitas que atingiram centenas de alvos palestinianos.
Mas Netanyahu disse que está "no meio de uma campanha", que não quer interromper para "fazer política". "A segurança do Estado é mais importante do que a política", disse. "Não vou dizer hoje como e quando vamos agir. Mas sei o que fazer e quando o fazer. E vamos fazê-lo."
Muitos preferiam uma guerra na Faixa de Gaza para enfraquecer o Hamas, algo que os chefes militares e de segurança não defendem – é demasiado difícil neutralizar o movimento, é uma incógnita saber quem se seguiria no controlo do território, e seria preciso contar com grande possibilidade de baixas de Israel.
A actual crise tinha começado com a demissão do anterior ministro da Defesa, o russófono Avigdor Lieberman, do partido Israel Nossa Casa, em descordo com a decisão de Netanyahu assinar o cessar-fogo.
O esperado era que à saída de Lieberman se seguisse a saída de Bennet, que não quereria ser ultrapassado pela direita pelo anterior ministro, e visto como fraco. A reviravolta de Bennett surpreendeu a maioria dos comentadores políticos, que apostavam que esta semana seriam marcadas eleições antecipadas.
O Governo continua assim com uma pequena maioria de 61 deputados num Parlamento de 120, mas sublinha o jornalista do Ha’aretz Anshell Pfeffer, todos estão já em campanha. E Netanyahu continua à mercê de que um dos seus rivais internos decida que é a melhor altura para convocar eleições: “todos estão a posicionar-se, mas ainda nenhum teve a coragem de puxar da faca”.