Ministros da UE aprovam acordo de saída e confirmam que essa negociação está fechada

May promoveu o acordo junto de empresários, arrancando uma semana decisiva. UE prepara cimeira onde, domingo, os líderes devem aprovar acordo para o "Brexit", incluindo a declaração política sobre a relação futura entre a UE e Reino Unido.

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A Alemanha e outros países europeus avisaram esta segunda-feira o Reino Unido que não vão voltar à mesa de negociações para o "Brexit" e que o que foi decidido no rascunho de acordo de saída na semana passada é para manter.

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A Alemanha e outros países europeus avisaram esta segunda-feira o Reino Unido que não vão voltar à mesa de negociações para o "Brexit" e que o que foi decidido no rascunho de acordo de saída na semana passada é para manter.

O negociador europeu para o "Brexit", Michel Barnier, reiterou que não há renegociação sobre os termos de saída - o que vai ser agora negociado, até ao final da semana, são as bases para a futura parceria entre Reino Unido e União Europeia. Barnier também avançou uma ideia de poder ser estendido o período de transição até 2022. 

E disse ainda: "Mais do que nunca temos de nos manter calmos".

O repórter da BBC em Bruxelas Adam Fleming comenta que as palavras de Barnier poderiam ter saído de um guião do Governo britânico, apoiando May: "Foi um compromisso justo, a União Europeia aproximou-se da posição britânica em relação ao backstop [solução de último recurso que implica a manutenção da Irlanda do Norte na união aduaneira para que não seja preciso uma fronteira visível], e esta solução nem sequer vai ser precisa". 

Isto enquanto a primeira-ministra britânica, Theresa May, enfrenta uma vaga de críticas e pressão dentro do seu próprio partido para alterar o acordo, ou mesmo para se afastar.

Mas “não há qualquer possibilidade de alcançar um acordo melhor do que o que está em cima da mesa”, disse esta segunda-feira o responsável pelos Assuntos Europeus do Governo alemão, Michael Roth. O ministro alemão da Economia, Peter Altmaier, também recusou qualquer regresso à mesa de negociações.

Michel Barnier tinha já antes sublinhado que independentemente das “dificuldades” políticas de May em Londres, o bloco dos 27 países têm o “dever” de se manterem firmes nas suas “linhas vermelhas” em relação ao "Brexit". A afirmação foi feita num encontro com diplomatas dos 27, que relataram a reunião ao site Politico.

O Reino Unido entra numa semana decisiva para a aprovação do rascunho de acordo, ainda incerto. Um grupo de deputados conservadores continua confiante de que conseguirá os votos necessários para uma moção de censura a May no Parlamento, e mesmo que esta não aconteça, não é claro se o Governo conseguirá aprovar o acordo para o "Brexit" no Parlamento, já que além dos conservadores que queriam outro acordo, há oposição de muitos deputados trabalhistas, do Partido Democrático Unionista (DUP) da Irlanda do Norte, do Partido Nacional Escocês ou dos Liberais-Democratas.   

May fez, de novo, a defesa do acordo no encontro anual da Confederação da Indústria Britânica (CBI) na manhã desta segunda-feira. Declarou que "sempre se soube que não ia ser fácil" negociar o "Brexit", mas que o acordo "é bom para o Reino Unido".

Sublinhou que após o "Brexit", o Reino Unido irá "controlar as suas fronteiras", e que os europeus, qualquer que fossem as suas capacidades ou experiência, vão deixar de poder "passar em frente na fila dos engenheiros de Sydney ou dos programadores de software de Nova Deli".

Mas do lado da União Europeia prepara-se entretanto uma cimeira para domingo para os líderes nacionais aprovarem o resultado das negociações desta semana sobre uma declaração política sobre a relação futura entre a União Europeia e o Reino Unido. 

A ideia de Barnier que o período transitório pudesse ser aumentado - seria sempre a pedido do Reino Unido - abre outra questão, a dos compromissos financeiros, já que o que ficou definido implicava uma saída até no máximo 2020. Nas perguntas e respostas no encontro com os empresários, May defendeu que este período deve estar terminado antes das próximas eleições britânicas, ou seja, mais cedo do que o sugerido por Barnier.