Jerónimo insiste: Portugal "não tem ainda a política que precisa" para "avançar a sério"

Líder do PCP critica opções do Governo para financiar o investimento no perímetro do Alqueva com produções que interessam aos industriais, uso maciço de pesticidas e exploração de mão-de-obra estrangeira.

Foto
daniel rocha

O secretário-geral do PCP considerou hoje que Portugal "não tem ainda a política de que precisa para pôr o país a avançar a sério e "ultrapassar os problemas estruturais que se mantém e agravam".

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

O secretário-geral do PCP considerou hoje que Portugal "não tem ainda a política de que precisa para pôr o país a avançar a sério e "ultrapassar os problemas estruturais que se mantém e agravam".

"Todos sabemos das limitações da actual solução política para dar resposta aos problemas de fundo do país e assegurar um rumo sustentado de elevação das condições de vida dos trabalhadores e do povo", disse Jerónimo de Sousa, ao fazer um balanço dos últimos três anos de governação do PS.

O líder comunista, que falava no encerramento da V Assembleia da Organização Regional do Litoral Alentejano do PCP, em Santiago do Cacém (distrito de Setúbal), reconheceu que, apesar dos avanços "o que temos conseguido está aquém do necessário".

"São avanços que vão em contraciclo com a política de intensificação da exploração, de liquidação de direitos e de retrocesso social dominante da União Europeia, em relação à qual o Governo minoritário do PS continua ligado nas suas opções e orientações, tal como PSD e CDS", afirmou.

Dando como exemplo a evolução da situação no Alentejo "no plano económico, social ou cultural", o secretário-geral do PCP defendeu ser "urgente romper com as políticas do passado e dar um novo rumo à vida política nacional".

"Uma política que aposte na produção nacional, na sua diversificação - esse problema central e primeiro para resolver muitos outros problemas que enfrenta o desenvolvimento do país e esta região do Alentejo em particular", realçou.

Perante uma plateia de dezenas de delegados que participaram nos trabalhos da assembleia regional, Jerónimo de Sousa criticou ainda as opções do Governo em financiar culturas de produção super-intensiva na zona de regadio do Alqueva.

"O Governo projecta medidas para as grandes explorações, anuncia apoios para as produções que interessam aos industriais e promove outras culturas, na zona do regadio de Alqueva, com a produção super-intensiva do olival e do amendoal, assente na utilização maciça de pesticidas e na exploração de mão-de-obra estrangeira em condições de quase escravatura", descreveu.

É necessário, segundo Jerónimo de Sousa, que o Empreendimento de Fins Múltiplos de Alqueva seja "usado para assegurar a nossa soberania alimentar, promover melhores condições de vida e de trabalho e o desenvolvimento do Alentejo".

Referindo-se à proposta de Orçamento do Estado para 2019, Jerónimo de Sousa voltou a sublinhar o papel do PCP "no aumento extraordinário das pensões de reforma" e na "reposição do subsídio de Natal para todos os trabalhadores e reformados".

"Por vontade do PS os avanços mais marcantes não existiriam", salientou o líder comunista, que elencou um conjunto de medidas consideradas "fruto da persistência do PCP" como os manuais escolares gratuitos, a extinção do pagamento especial por conta e o aumento das prestações sociais.