Tiago Rodrigues muda o final de Menina Júlia e Aldina Duarte sobe ao palco do Nacional

Os derradeiros meses da temporada 2018/19 do Teatro Nacional D. Maria II trarão uma abordagem de Tiago Rodrigues a um clássico de Strindberg e um encontro entre a fadista Aldina Duarte e a actriz Isabel Abreu.

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Aldina Duarte Miguel Madeira

E se a Menina Júlia, de Strindberg, ao contrário do que este quis convencer-nos no final da peça, não se suicidasse? E se a faca que levar na mão servir, afinal, para abrir caminho rumo a um futuro com o criado João, cumprindo o sonho de abrirem um hotel à beira de um lago? É desta premissa, trocando as voltas ao desfecho “teatralmente brilhante de Strindberg”, que Tiago Rodrigues parte para a sua nova criação em estreia no Teatro Nacional D. Maria II, intitulada Um Outro Fim para a Menina Júlia. Em cena de 1 a 24 de Março, é um dos destaques dos últimos meses da temporada 2018/19 que ficaram por revelar na apresentação da temporada em Setembro.

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E se a Menina Júlia, de Strindberg, ao contrário do que este quis convencer-nos no final da peça, não se suicidasse? E se a faca que levar na mão servir, afinal, para abrir caminho rumo a um futuro com o criado João, cumprindo o sonho de abrirem um hotel à beira de um lago? É desta premissa, trocando as voltas ao desfecho “teatralmente brilhante de Strindberg”, que Tiago Rodrigues parte para a sua nova criação em estreia no Teatro Nacional D. Maria II, intitulada Um Outro Fim para a Menina Júlia. Em cena de 1 a 24 de Março, é um dos destaques dos últimos meses da temporada 2018/19 que ficaram por revelar na apresentação da temporada em Setembro.

A ideia de se atirar ao texto de Strindberg surge de uma encomenda da Comédie de Genève que, há dois meses, no arranque da sua temporada programou uma operação de larga escala intitulada Julie’s Party, em que ocupava vários espaços do teatro com espectáculos de Luk Perceval, Christiane Jatahy, tg STAN, Pascal Rambert, Amir Reza Koohestani e Tiago Rodrigues, em resposta ao desafio de imaginarem uma versão contemporânea do clássico. O autor português respondeu então com um texto para dois actores suíços em que Júlia e João surgiam passados 30 anos. “Negociaram com a realidade e são relativamente felizes”, descreve Rodrigues ao PÚBLICO. “Mas depois das apresentações em Genebra quis construir uma peça em que víssemos o antes e o depois.” Deste modo, numa versão comprimida, o texto de Strindberg será revisitado, para dar lugar à sequela agora proposta. “A única hipótese de oferecer uma alternativa ao final do Strindberg é escrever a continuação”, justifica.

A outra grande novidade dos próximos meses ficará a cargo de um encontro promissor, a coberto de um amor comum pela poesia, pelas palavras e pelas personagens, entre a fadista Aldina Duarte e a actriz Isabel Abreu que, entre 20 e 28 de Julho, farão um pingue-pongue entre música e teatro, centradas nas suas leituras de quatro “figuras tutelares femininas do teatro e da mitologia literária”, de Eurídice a Blanche DuBois. “Era uma oportunidade imperdível e que corresponde a uma linha de trabalho do Teatro Nacional feito de aventuras em que, a partir de outras disciplinas, pensamos o património e a biblioteca do teatro – como aconteceu com As Bacantes, de Marlene Monteiro Freitas”, comenta o director do Teatro Nacional

Em sentido contrário, será o teatro a investigar a pintura de Álvaro Lapa, no espectáculo Sequências Narrativas Completas que João de Sousa Cardoso levará ao Nacional de 28 a 31 de Março. E ainda no respeitante a cruzamentos multidisciplinares, a croata Ivana Müller regressará a Portugal com Conversations Out of Place (3 e 4 de Maio), um espectáculo na fronteira entre teatro, dança e performance escolhido por integrar um conjunto de autores “que desafiam o modo como podemos pensar hoje um teatro de texto”. Dentro das temáticas caras ao actual Dona Maria II, Martim Pedroso e João Telmo dirigirão uma História Ilustrada do Teatro Português, de 6 a 23 de Junho, enquanto obra que contribuirá para “o modo como a história do teatro posiciona a arte e a cultura na nossa sociedade”. Já as visitas à dramaturgia contemporânea terão direito a um regresso de Tiago Guedes aos textos de Dennis Kelly com a encenação de A Matança Ritual de Gorge Mastromas (25 de Maio a 30 de Junho), que Rodrigues descreve como “uma espécie de Arturo Ui [personagem de Brecht] do nosso tempo, uma história de ascensão ao poder mas também de dilema ético do ser humano”.

João de Brito dirigirá Insuflável (9 a 12 de Maio) e Parlamento Elefante (10 a 19 de Maio), espectáculo vencedor da primeira Bolsa Amélia Rey-Colaço, que o Teatro Nacional partilha com o Espaço do Tempo (Montemor-o-Novo) e o Centro Cultural Vila Flor (Guimarães), dedicada a aprofundar a aposta em novos criadores, garantindo condições de criação e financeiras para um projecto nesta temporada e que se propõe “inverter uma tendência em Portugal com a emergência que é a de dispersar algumas migalhas por muitos, muitas vezes em nome da consciência tranquila de quem dá o apoio ou oferece as condições”, diz Rodrigues. Pelo palco do Teatro Nacional passarão ainda propostas do Festival de Almada, da bienal BoCa e do FIMFA.