Onde estão os 630 desaparecidos do incêndio mais mortal da Califórnia?
Há 63 mortos confirmados e o número de pessoas desaparecidas duplicou de quinta para sexta-feira. Autoridades pedem compreensão para com "o caos extraordinário" com que estão a lidar.
Equipas de busca estão a passar a pente fino áreas ardidas no Norte da Califórnia à procura de corpos - ou de alguma coisa que possa conter ADN humano - para tentar identificar vítimas e resolver o mistério dos 630 desaparecidos nos incêndios da última semana nesta região dos Estados Unidos.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
Equipas de busca estão a passar a pente fino áreas ardidas no Norte da Califórnia à procura de corpos - ou de alguma coisa que possa conter ADN humano - para tentar identificar vítimas e resolver o mistério dos 630 desaparecidos nos incêndios da última semana nesta região dos Estados Unidos.
O incêndio em Camp Fire – assim conhecido por ter sido nessa região que começou – fez pelo menos 63 mortos, e é o mais mortífero da história da Califórnia no último século. Tornou-se tão letal devido à velocidade com que as chamas avançaram, levadas pelo vento forte.
As autoridades locais pediram à população que compreenda "o caos extraordinário" com que estão a lidar. Durante uma visita à área mais afectada, no Norte do estado, o governador da Califórnia, Jerry Brown, descreveu o cenário como "uma zona de guerra".
E o director da agência federal de emergência (FEMA), Brock Long, disse que o incêndio que deflagrou há oito dias é um dos maiores desastres que já viu na sua carreira de 20 anos. Ao todo, os incêndios na Califórnia estão a ser combatidos por 9400 bombeiros e ainda só estão parcialmente contidos.
A zona mais afectada é Paradise, uma cidade de 27 mil habitantes, a cerca de 280 km a Norte de São Francisco, que deverá precisar de "vários anos" para se reconstruir, segundo as autoridades do estado. As chamas entraram pela cidade dentro, levadas pelo vento e alimentadas pela vegetação e árvores ressequidas, relata a Reuters, causando uma enorme destruição.
É provável que o número de mortos venha a aumentar, mas não é provável que todos os desaparecidos estejam mortos. Podem estar simplesmente em locais onde não conseguiram ainda contactar com as famílias e amigos - algum dos muitos abrigos provisórios montados para as pessoas obrigadas a fugir, e que ficaram sem as suas casas, por exemplo. A cobertura de telemóvel também foi afectada.
Muitos dos nomes na lista de desaparecidos tem mais de 65 anos - Paradise era há muito vendida pelos agentes imobiliários como um local ideal para viver depois da reforma, diz a NBC News.
Indicadores como as chamadas de emergência feitas desde o dia 8 de Novembro continuam a ser analisados, pelo que o número de pessoas desaparecidas poderá voltar a flutuar nas próximas horas e dias.
Alguns moradores de Paradise estão a experimentar um sentimento de culpa por terem sobrevivido à catástrofe. "Uma pessoa fica assim a sentir-se, 'Por que é que ainda estou aqui? Porque é que a minha família foi poupada? Porque é que as igrejas ainda estão de pé? Não sei. A minha casa desapareceu, tal como muitas outras", disse Sam Walker, pastor na Primeira Igreja Baptista de Paradise à rádio WBUR e citado pela Reuters.
Até ao momento o incêndio no Norte da Califórnia já consumiu 56 mil hectares. Ken Pimlott, comandante dos bombeiros da Califórnia, disse que o combate só deverá terminar no final do mês, e que depois disso as operações de busca devem prolongar-se por várias semanas.
Outros incêndios menos catastróficos estão a decorrer no Sul da Califórnia, como de Woolsey. Houve três mortes a registar neste incêndio, que obrigou várias celebridades a abandonar as suas casas, quando rondou Santa Monica, perto de Los Angeles.