Estudo sobre abusos sexuais na Igreja portuguesa “não está em cima da mesa”

Bispos portugueses não descartam ainda assim a hipótese de um levantamento nacional sobre casos de abuso sexual de menores por membros do clero, "se for necessário".

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D. Manuel Clemente, presidente da Conferência Episcopal Portuguesa LUSA/Rui Miguel Pedrosa

O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), D. Manuel Clemente, disse esta quinta-feira que “para já” não está em cima da mesa a realização de qualquer levantamento nacional sobre casos de abuso sexual de menores perpetrados dentro da Igreja Católica portuguesa.

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O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), D. Manuel Clemente, disse esta quinta-feira que “para já” não está em cima da mesa a realização de qualquer levantamento nacional sobre casos de abuso sexual de menores perpetrados dentro da Igreja Católica portuguesa.

Admitiu, porém, que tal poderá ser feito “se for necessário”, segundo a agência Ecclesia, que citou a reacção do cardeal-patriarca a uma pergunta sobre a acção da CEP relativamente ao tema dos abusos sexuais. A interpelação fora colocada durante a conferência de imprensa, no final da reunião plenária dos bispos portugueses, entre os dias 12 e 15.

Considerando que cada caso deve ser analisado “pessoalmente e sem generalizações”, o presidente da CEP recordou que a Igreja Católica em Portugal adoptou em 2012 as suas directrizes de actuação face a eventuais casos, numa resposta de 51 pontos a uma exigência então colocada pela Congregação da Doutrina da Fé, o organismo da Santa Sé responsável por julgar os delitos neste campo.

Mais recentemente, recorde-se, face a escândalos em torno de abusos sexuais cometidos por membros do clero no Chile e nos Estados Unidos da América, por exemplo, o Papa Francisco apelou ao comprometimento das dioceses de todo o mundo no combate a este flagelo. Na sequência desse apelo, os jesuítas portugueses elaboraram um manual de procedimentos aplicável aos profissionais das instituições tuteladas pela Província Portuguesa da Companhia de Jesus que estabelece, por exemplo, a proibição de “conversas sexualizadas” e obriga os quase mil colaboradores das instituições a comunicar suspeitas de crimes ao Ministério Público.

No balanço da reunião plenária, D. Manuel Clemente apelou às autoridades para darem atenção ao tráfico de pessoas, escravatura e exploração humana. “A assembleia manifestou preocupação com as notícias acerca do tráfico de pessoas, escravatura e exploração humana, também no nosso país, e pede a maior atenção das autoridades e da sociedade a este problema", referiram os bispos, no final de uma assembleia que aprovou o "Manual para acções de prevenção do tráfico de pessoas e de assistência às vítimas Talitha kum - Levanta-te".

Dizendo-se em sintonia com o Papa Francisco, os bispos portugueses destacaram a importância de uma maior participação dos jovens nos organismos da Igreja, recomendando que estes sejam tomados como “sujeitos activos da missão e protagonistas na vida eclesial", e mostraram-se preocupados com as “fake news” que classificaram como “um problema grave” que exige uma distância crítica por parte dos indivíduos.