Merkel ao lado de Macron: UE precisa de um exército para “mostrar ao mundo que nunca mais haverá guerra na Europa”
Chanceler alemã discursou no Parlamento Europeu e recomendou “solidariedade”, “tolerância” e protecção do “Estado de direito” como antídotos para os nacionalismos e a crise de identidade da UE.
Num aguardado discurso esta terça-feira em Estrasburgo, no Parlamento Europeu, Angela Merkel demonstrou estar em sintonia com Emmanuel Macron, apoiando a criação de um Exército da União Europeia. No mesmo dia em que Donald Trump passou pelo Twitter para ridicularizar a derrota francesa contra a Alemanha nazi, em resposta à proposta do Presidente francês, a chanceler alemã defendeu a relevância da constituição de uma força militar europeia, a longo prazo, “para mostrar ao mundo que nunca mais haverá guerra na Europa”.
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Num aguardado discurso esta terça-feira em Estrasburgo, no Parlamento Europeu, Angela Merkel demonstrou estar em sintonia com Emmanuel Macron, apoiando a criação de um Exército da União Europeia. No mesmo dia em que Donald Trump passou pelo Twitter para ridicularizar a derrota francesa contra a Alemanha nazi, em resposta à proposta do Presidente francês, a chanceler alemã defendeu a relevância da constituição de uma força militar europeia, a longo prazo, “para mostrar ao mundo que nunca mais haverá guerra na Europa”.
“Obviamente que nunca seria um Exército rival da NATO, mas um bom complemento à NATO”, assegurou, no entanto, Merkel, mesmo admitindo que “os tempos em que podíamos confiar uns nos outros acabaram”. “Isto significa que nós, europeus, temos de tomar o nosso destino unicamente nas nossas mãos”, acrescentou.
O respaldo à criação de um Exército europeu foi um dos principais destaques numa intervenção sobre o futuro da Europa, que conseguiu arrancar aos eurodeputados mais aplausos do que apupos, que também foram audíveis – Merkel respondeu às vaias dos eurocépticos relembrando que também é “parlamentar” e que as mesmas só demonstram que “tem razão”.
Na assembleia europeia, a líder do Governo alemão – que não se recandidatará à liderança do seu partido e abandonará a política no final do mandato, em 2021 –?procurou vestir a pele de defensora da unidade e da integridade da União, contra os nacionalismos, os autoritarismos e divisões que a ameaçam.
Merkel apelou à tolerância e à solidariedade, afirmando que o “nacionalismo e o egoísmo não têm mais lugar na Europa”.
A chanceler abordou também a situação com o Governo italiano (composto pelo partido de extrema-direita Liga e pelos anti-sistema do Movimento 5 Estrelas), cujo prazo para entregar uma nova versão do seu Orçamento, depois de a primeira ter sido rejeitada pela Comissão Europeia, termina nesta terça-feira: “A nossa moeda comum só pode funcionar se todos os membros individuais cumpram com a sua responsabilidade em relação a finanças sustentáveis.”
“Nós queremos estender uma mão a Itália”, disse ainda. “Mas Itália também concordou com várias regras e não as pode simplesmente rasgar”.
Merkel referiu-se indirectamente aos casos da Polónia e Hungria, países que são fonte de preocupação e alvos de possíveis sanções por parte de Bruxelas por acusações de esvaziamento das suas instituições democráticas: “A solidariedade está sempre ligada aos compromissos com a comunidade e aos princípios básicos do Estado de Direito”.Com Manuel Louro