Assembleia recomenda adiamento de licença para nova obra na Arrábida
Recomendação da CDU sobre segunda fase do polémico empreendimento junto à ponte da Arrábida mereceu unanimidade
A Assembleia Municipal do Porto aprovou esta segunda-feira à noite uma proposta da CDU que recomenda ao presidente da autarquia que explore os mecanismos legais que permitam o adiamento da emissão da licença para a 2ª fase do empreendimento da Arrábida. A proposta aprovada por unanimidade recomenda ainda que "em caso de demonstração de ilegalidades na forma como o processo de licenciamento se processou", o presidente da autarquia, Rui Moreira, "tome as medidas necessárias para a imediata paralisação das obras" em curso, da primeira fase do empreendimento.
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A Assembleia Municipal do Porto aprovou esta segunda-feira à noite uma proposta da CDU que recomenda ao presidente da autarquia que explore os mecanismos legais que permitam o adiamento da emissão da licença para a 2ª fase do empreendimento da Arrábida. A proposta aprovada por unanimidade recomenda ainda que "em caso de demonstração de ilegalidades na forma como o processo de licenciamento se processou", o presidente da autarquia, Rui Moreira, "tome as medidas necessárias para a imediata paralisação das obras" em curso, da primeira fase do empreendimento.
Segundo o documento, "apesar de, de acordo com o parecer jurídico solicitado pela Câmara Municipal do Porto ao professor João Miranda, se encontrarem reunidas as condições para ser praticado o ato de licenciamento da segunda fase (...), na verdade ainda subsistem dúvidas sobre a legalidade de todo o processo que deu origem ao licenciamento da totalidade deste empreendimento" situado na marginal a jusante da Ponte da Arrábida.
Na proposta de recomendação, a CDU argumenta ainda que a Inspecção Geral de Finanças estará a analisar a legalidade deste processo que levou, a Assembleia Municipal do Porto a deliberar, no dia 1 de Outubro, constituir uma Comissão Eventual no âmbito do processo administrativo que conduziu ao licenciamento e execução deste projecto cuja conclusão dos trabalhos está prevista para 11 de Dezembro. Acresce ainda que, sublinha-se no documento, "está a decorrer nos tribunais uma acção com vista à definição da propriedade de uma parte do terreno que o promotor apresentou como sendo sua propriedade aquando da apresentação dos pedidos de licenciamento do empreendimento".
Estes argumentos mereceram a concordância do PSD que, durante a discussão da proposta, lembrou que pretendia o alargamento do âmbito territorial da comissão eventual criada para esclarecer as questões de licenciamento daqueles terrenos na Arrábida. Já o deputado socialista Pedro Braga de Carvalho sublinhou que "para garantir a boa decisão dos actos administrativos que norteiam a Câmara Municipal do Porto, e sobretudo, para respeito dos trabalhos da Comissão Eventual se deve levar a cabo todos os mecanismo legais possíveis para puder suspender a decisão e evitar uma situação de facto consumado perante a qual depois não será mais possível à comissão eventual propor as melhores soluções à câmara municipal".
Já o deputado do Bloco de Esquerda Pedro Lourenço considera que existem todas as evidências necessárias para que a autarquia suspenda, com efeitos imediatos, a licença à sociedade Arcada. "Olhamos para o caso Selminho e vemos como a Câmara se tem batido para recuperar aquilo que é seu. Nós olhamos para o caso Montebelo e vemos as consequências que a câmara enfrenta por não ter suspendido uma obra que deveria ter suspendido mais cedo e, por fim, nós sabemos que o caso da Arrábida não é um, não são dois, são três, quatro casos Selminho num só caso mais uma quinta de Montebelo", afirmou o bloquista.
Em resposta, o deputado do movimento de Rui Moreira, 'Porto, o Nosso Partido' Raúl Almeida defendeu que um estado de direito não se faz de slogans ou "arrebatamentos", sublinhando que naquele grupo municipal "não há justiça de rua". "A Câmara pediu não um, pediu três pareceres (...) para que não haja dúvidas. Não há aqui arrebatamentos, nem visões pessoais deste grupo municipal há o estrito cumprimento da lei", afirmou, considerando, contudo, que a proposta da CDU era “enxuta e escorreita”, quanto aos aspectos legais envolvidos. Tão escorreita que até mereceu o voto favorável do grupo que suporta a maioria.