Ofensiva das forças pró-governo causa pelo menos 149 mortos no Iémen

Secretário-geral da ONU diz que há acordo internacional sobre a impossibilidade de uma das partes em conflito ganhar a guerra, mas os actores não desistem.

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AVanço das forças apoiadas pela Arábia Saudita em Hodeida EPA

Pelo menos 142 pessoas, entre combatentes e civis, morreram nas últimas 24 horas numa ofensiva das forças apoiadas pela Arábia Saudita em Hodeida, cidade portuária no oeste do Iémen, segundo fontes militares e hospitalares.

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Pelo menos 142 pessoas, entre combatentes e civis, morreram nas últimas 24 horas numa ofensiva das forças apoiadas pela Arábia Saudita em Hodeida, cidade portuária no oeste do Iémen, segundo fontes militares e hospitalares.

Os rebeldes huthis, combatentes apoiados pelo Irão, tentaram resistir ao avanço das forças pró-governamentais apoiadas pelos sauditas, disse uma fonte militar.

Dezenas de combatentes rebeldes feridos foram transportados para a capital Sanaa, no Leste, e para a província de Ibb, no Sul do país, disse uma fonte do hospital militar de Hodeida. O número de mortos foi avançado por uma fonte militar pró-governamental.

O Iémen mergulhou no caos na sequência da rebelião de 2011. O país está praticamente dividido em dois, com as forças pró-governamentais a controlarem o Sul e uma boa parte do Centro e os rebeldes a ocuparem o Norte e parte significativa do Oeste.

A guerra do Iémen opõe as forças do governo, apoiadas pela coligação internacional dirigida pela Arábia Saudita, aos rebeldes huthis, que se apoderaram em 2014 e 2015 de vastas regiões do país, incluindo a capital, Sanaa.

Desde 2014 que o conflito causou mais de dez mil mortos e provocou, segundo a ONU, a pior crise humanitária no mundo, com milhões de pessoas ameaçadas pela fome.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, disse nesta segunda-feira que existe um consenso entre as potências mundiais de que é preciso terminar a guerra no Iémen mas a questão é agora convencer as partes de que ninguém pode ganhar neste conflito.

"Todos os poderes estão de acordo que é preciso parar (a guerra)", disse  Guterres numa entrevista à emissora de rádio France Inter, sublinhando que esta é uma posição compartilhada pela Rússia, Estados Unidos, Europa e "algumas potências da região".

Por isso, disse, "há uma oportunidade para fazer compreender aos actores directos desse conflito que é uma guerra que ninguém ganhará e deve haver uma solução política".

O problema é que, "por enquanto, a coligação (liderada pela Arábia Saudita) parece determinada a conquistar Hodeida", um porto fundamental para o fornecimento de ajuda humanitária e cuja destruição criaria "uma situação absolutamente catastrófica".

O secretário-geral da ONU disse que a situação humanitária no Iémen é "absolutamente desastrosa".

Guterres disse que a ONU oferece ajuda humanitária a oito milhões de pessoas naquele país, um número que pode aumentar para 14 milhões em 2019, mas que há o risco de ocorrer "a maior fome dos últimos anos". "Sem essa ajuda humanitária, teríamos uma fome de uma dimensão desconhecida neste século", alertou.