Matas do Centro com intervenção de 4,5 milhões para recuperar da Leslie
Prejuízos ascendem a 12,7 milhões de euros nos florestas públicas do Centro litoral, entre Leiria e Coimbra.
A tempestade Leslie, que afectou vários distritos da zona Centro a 13 e 14 de Outubro, deixou um rasto de 12,7 milhões de euros em prejuízos nas matas nacionais do litoral. Ao longo de uma linha de costa de 88 quilómetros de extensão, entre a Marinha Grande, em Leiria, e as dunas de Vagos, no extremo Sul do distrito de Aveiro, foram afectados vários terrenos florestais privados e matas nacionais, num total de 8000 hectares, 3500 dos quais são públicos. Ao todo são 14 áreas, entre matas nacionais e parques florestais.
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A tempestade Leslie, que afectou vários distritos da zona Centro a 13 e 14 de Outubro, deixou um rasto de 12,7 milhões de euros em prejuízos nas matas nacionais do litoral. Ao longo de uma linha de costa de 88 quilómetros de extensão, entre a Marinha Grande, em Leiria, e as dunas de Vagos, no extremo Sul do distrito de Aveiro, foram afectados vários terrenos florestais privados e matas nacionais, num total de 8000 hectares, 3500 dos quais são públicos. Ao todo são 14 áreas, entre matas nacionais e parques florestais.
Os números foram dados a conhecer pelo Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) nesta segunda-feira, na conferência de imprensa que serviu para apresentar o plano de recuperação da Serra da Boa Viagem, na Figueira da Foz, uma das áreas severamente afectadas pela tempestade.
De acordo com o Secretário de Estado das Florestas e do Desenvolvimento Rural, Miguel Freitas, o cálculo do prejuízo resulta da soma de 8,2 milhões de euros de perda de valor na receita da venda do material mais os 4,5 milhões de euros que o Estado investirá para recuperar as áreas. Vai ser lançado ainda um apoio de 8 milhões de euros no âmbito do Plano de Desenvolvimento Rural 2020 para recuperar as matas dos estragos causados pela intempérie. Referindo que, até aqui, as verbas disponibilizadas no âmbito do PDR 2020 tinham ido para a recuperar floresta ardida, o governante sublinhou ainda que é a primeira que será aberta “uma medida de recuperação de áreas afectadas por um intempérie”
Na Serra da Boa Viagem, como nas restantes matas, “a fase de exploração” levará “até seis meses”, diz Miguel Freitas. Ou seja, só em meados de 2019 serão concluídos os trabalhos de limpeza. O levantamento dos estragos daquela área gerida pelo ICNF ainda está por concluir mas, para já, foram contabilizadas 3500 árvores derrubadas. Isso dá 7 mil toneladas de madeira “a ser cortada e carregada”, resume Rui Rosmaninho, responsável das matas nacionais do Centro do ICNF, o que equivale a 150 camiões e o número pode subir. No cálculo da área afectada não é contabilizada a parte que ardeu nos incêndios de 2017 e depois foi também afectada pela Leslie, refere. Miguel Freitas acrescenta que, na combinação de incêndios e tempestade, foram afectados 28 mil hectares de matas públicas do litoral nos últimos dois anos.
O presidente da Câmara Municipal da Figueira da Foz, João Ataíde, registou que os danos são “muito superiores” ao inicialmente pensado. Naquela zona a Norte da Figueira, na envolvente do Cabo Mondego, os ventos derrubaram árvores centenárias, que tombaram sobre as estradas e vias pedestres. Ataíde entende que é necessário repor a circulação na zona “o mais rápido possível”.
Neste momento, há cerca de 190 hectares da mata da serra da Boa Viagem interditos ao público, sendo que a área total ascende a 415 hectares. Dentro da parte interdita, o levantamento da CMFF e do ICNF indica que 83 hectares foram severamente afectados pelos ventos que, na Figueira, chegaram a 176 quilómetros por hora. Na Boa Viagem, a tempestade afectou severamente o núcleo central da mata, onde estavam pinheiros, eucaliptos e cedros, as maiores árvores plantadas na área entre 1911 e 1924, referiu Rosmaninho.
Em Coimbra, o município publicou pela primeira vez dados sobre os estragos que a tempestade causou. No total, a Leslie provocou 9,2 milhões de euros em prejuízos. Equipamentos associativos, desportivos e Instituições Particulares de Solidariedade Social registaram o maior volume, com danos de 4,8 milhões, sendo que se verificaram 1,8 milhões de euros em estragos em edifícios de habitação. Os equipamentos municipais foram afectados em 1,3 milhões de euros e as empresas em 1,1 milhões. No final de Outubro, uma recolha do Ministério do Planeamento e das Infra-estruturas apontava para estragos de 58 milhões de euros em 27 concelhos da zona Centro.