São tijolos feitos de urina humana e querem reduzir emissões de dióxido de carbono

Os primeiros tijolos de urina humana foram desenvolvidos na Universidade da Cidade do Cabo, África do Sul, e não emitem gases poluentes.

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Cada vez se fala mais de reaproveitamento e combate ao desperdício e estes conceitos são aplicados em várias áreas. Na África do Sul, foram colocados em prática em engenharia civil, com recurso a uma substância algo improvável: urina. Um grupo de estudantes da Universidade da Cidade do Cabo desenvolveu um processo de fabrico de biotijolos, como lhes chamam, que pretende reduzir as emissões de dióxido de carbono.

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Cada vez se fala mais de reaproveitamento e combate ao desperdício e estes conceitos são aplicados em várias áreas. Na África do Sul, foram colocados em prática em engenharia civil, com recurso a uma substância algo improvável: urina. Um grupo de estudantes da Universidade da Cidade do Cabo desenvolveu um processo de fabrico de biotijolos, como lhes chamam, que pretende reduzir as emissões de dióxido de carbono.

O processo pressupõe uma combinação de urina, areia e bactérias que faz com que os tijolos ganhem consistência e se formem à temperatura ambiente. Tendo em conta que os tijolos tradicionais de barro são fabricados em fornos e, por isso, submetidos a altas temperaturas, produzem grandes quantidades de dióxido de carbono durante a cozedura. Os tijolos biológicos contornam esta situação e tornam-se amigos do ambiente com um lado sustentável de reaproveitamento e não emissão de gases poluentes.

O inconveniente apontado pelos estudantes centra-se no odor intenso que se dissipa passados dois dias. Segundo declarações à BBC de Dyllon Randall, professora na Universidade da Cidade do Cabo, apesar desse factor, os biotijolos não acarretam qualquer risco para a saúde humana e a criação é comparável à dos corais que se formam nos oceanos.

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A primeira fase do fabrico de bio tijolos. UCT

A formação dos tijolos biológicos, através da urina, tem na sua génese um processo natural chamado precipitação de carbonato microbiano que consiste, numa primeira fase, na produção de um fertilizante sólido e, depois, num processo biológico que “cultiva” os tijolos. Quer isso dizer que o processo envolve a formação de carbonato de cálcio através da separação entre a ureia da urina, fazendo com que esta se solidifique e consiga formar tijolos “tão duros quanto rochas”, como dá conta Dyllon Randall.

Segundo o comunicado da instituição, o conceito de utilização de urina para a construção sustentável de tijolos foi usado, pela primeira vez, nos Estados Unidos, há alguns anos. No entanto, à época utilizavam urina sintética, sendo, por isso, estes biotijolos os primeiros a utilizar urina humana.

Desperdício zero

O processo de formação dos novos tijolos sustentáveis produz ainda outros subprodutos e leva a um aproveitamento total de todos os recursos utilizados. Entre eles está a formação de nitrogénio, potássio e fósforo, componentes importantes dos fertilizantes comerciais.

Em termos químicos, “a urina é ouro líquido”, explicou a especialista. Segundo o mesmo comunicado, “cerca de 97% do fósforo presente na urina pode ser convertido em fosfato de cálcio, o ingrediente-chave dos fertilizantes que sustentam a agricultura comercial de todo o mundo”. “Isto torna-se significativo porque as reservas naturais de fosfato estão a secar.”

O próximo passo da investigação foca-se, precisamente, em olhar para o ciclo completo, de forma a aproveitar todos os componentes.