O tempo de Teresa Esgaio mede-se em senhas de atendimento, moscas e dálmatas

Exposição Take a number está na galeria Underdogs, em Lisboa, até 8 de Dezembro.

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O tempo, no relógio e enquanto clima, está nos desenhos que a artista Teresa Esgaio mostra, na galeria Underdogs, em Lisboa, seja na forma de senhas de atendimento, lençóis, moscas ou dálmatas. Recentemente, Teresa Esgaio dedicou grande parte do seu tempo a desenhar um elefante e um rinoceronte — os dois com quase quatro metros de largura, o primeiro com três metros de altura e o segundo com 2,20 metros. Um projecto "muito longo", que acabou por durar um ano, como recordou em declarações à Lusa, a propósito da exposição Take a number.

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O tempo, no relógio e enquanto clima, está nos desenhos que a artista Teresa Esgaio mostra, na galeria Underdogs, em Lisboa, seja na forma de senhas de atendimento, lençóis, moscas ou dálmatas. Recentemente, Teresa Esgaio dedicou grande parte do seu tempo a desenhar um elefante e um rinoceronte — os dois com quase quatro metros de largura, o primeiro com três metros de altura e o segundo com 2,20 metros. Um projecto "muito longo", que acabou por durar um ano, como recordou em declarações à Lusa, a propósito da exposição Take a number.

A dada altura do processo sentiu "necessidade de começar e acabar um desenho num dia". Então, "em paralelo com o rinoceronte", começou a desenhar senhas de atendimento, das que ainda se encontram em alguns estabelecimentos comerciais, "porque andava nesta luta com o tempo".

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Desenhou as primeiras senhas "em Outubro do ano passado". Começou no A00 e terminou na A99, e estarão todas expostas na Underdogs, onde haverá uma máquina de senhas, "a partir da série B", representando "o exercício físico do esperar", para haver "uma relação com o objecto" que lhe serviu de modelo.

Teresa Esgaio vê nas senhas "uma unidade de tempo" e foram estas que deram o mote à exposição. "Depois comecei a fazer o paralelismo entre o tempo instante, ou o tempo relógio, e o tempo clima. Porque isto também era um trabalho sobre respeitar o tempo que as coisas demoram", referiu à Lusa.

Foi numa conversa com um antigo professor que percebeu que, no seu caso, "é o desenho que dita o calendário" e não ela — "e que as coisas têm um tempo próprio para acontecer". O paralelismo com o tempo clima vem da percepção de que "as estações [do ano] têm um tempo próprio, a chuva vem quando tem que vir". "Não vale a pena querermos ou não, vem quando tem que vir", disse.

Os desenhos, todos feitos com recurso a pastel seco preto e grafite, são de tal forma minuciosos que parecem fotografias. Teresa Esgaio admite que há "essa confusão" em quem vê o seu trabalho, mas não faz os desenhos com esse intuito. "Quando comecei usava lápis/grafite. Depois comecei a usar grafite em pó, a aplicar com esponjas e pincéis, e deixou de se notar a textura do desenho, por isso há mais essa confusão. Não faço com esse intuito, mas acontece", contou.

A exposição inclui, entre outros, desenhos que representam parte de um mapa de coordenadas meteorológicas, um pedaço de céu repleto de estrelas, os lençóis desfeitos numa cama, moscas — porque Teresa Esgaio olha para elas quando está "no vazio, no modo espera" — e cinco dálmatas — "porque queria fazer uma fila de espera".

Teresa Esgaio tem 33 anos e sempre desenhou. Na faculdade acabou por estudar Arte e Multimédia, e esteve vários anos a trabalhar em publicidade, em produção. A dada altura, deixou de desenhar "completamente". Quando fez 30 anos, deu-se "um clique" e foi "radical". "Despedi-me e fiquei a 100% nisto", recordou, fazendo um balanço muito positivo do novo rumo tomou. "Agora nem consigo imaginar de outra maneira. Sou muito feliz mesmo", partilhou.

Take a number, de entrada livre, estará patente na Underdogs até 8 de Dezembro.