CP aproveita fecho da linha do Douro para obras e reduz oferta para menos de metade
Linha vai estar cortada durante três meses entre Caíde e Marco de Canavezes. Número de comboios entre esta última localidade e Pocinho passa de 36 para 16.
A partir de 26 de Novembro, a linha do Douro vai ficar interrompida durante três meses entre Caíde e Marco de Canavezes para proceder a obras de modernização. A CP vai garantir transbordo rodoviário aos passageiros entre aquelas duas estações e assegura ligação ao troço de 111 quilómetros que continuará aberto (entre Marco de Canavezes e Pocinho), mas o número de comboios será reduzido das actuais 36 circulações diárias para apenas 16.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
A partir de 26 de Novembro, a linha do Douro vai ficar interrompida durante três meses entre Caíde e Marco de Canavezes para proceder a obras de modernização. A CP vai garantir transbordo rodoviário aos passageiros entre aquelas duas estações e assegura ligação ao troço de 111 quilómetros que continuará aberto (entre Marco de Canavezes e Pocinho), mas o número de comboios será reduzido das actuais 36 circulações diárias para apenas 16.
Actualmente circulam 13 comboios em cada sentido entre o Marco e a Régua, e cinco entre esta última e o Pocinho. A partir de 26 de Novembro passarão a ser seis entre Marco e Régua e dois entre Régua e Pocinho.
Questionada pelo PÚBLICO a transportadora pública diz que prevê, após as obras, “repor a oferta em moldes idênticos aos que actualmente estão em vigor”. E reconhece que “a CP não tem estimativa sobre o impacto decorrente da interdição” durante os três meses em que esta vai durar.
Como as automotoras que fazem serviço na linha do Douro vão ficar impossibilitadas de vir fazer manutenção ao Porto (o troço Marco – Pocinho ficará uma “ilha” isolada do resto da rede ferroviária nacional durante três meses), a empresa vai retirá-las de lá e substituí-las por máquinas e carruagens, sendo estas últimas as mesmas do comboio turístico Miradouro.
Isto porque as locomotivas 1400 que as rebocam têm exigências de manutenção muito menores do que as automotoras espanholas que ali estão afectas. Durante três meses, uma equipa móvel de pessoal da EMEF irá à Régua para assegurar a manutenção das locomotivas.
As obras entre Caíde e Marco foram consignadas em Julho ao consórcio Opway/DST por 10 milhões de euros, numa cerimónia que contou com a presença do ministro do Planeamento e das Infra-estruturas, Pedro Marques. O projecto inclui a electrificação daquele troço de 16 quilómetros e a beneficiação e reforço estrutural de três túneis, razão pela qual a Infra-estruturas de Portugal decidiu fechar a linha durante três meses. Deste modo, em vez de os trabalhos decorrerem durante a noite, quando não passam comboios, o empreiteiro disporá de 12 semanas para trabalhar.
O mesmo projecto contempla ainda a renovação integral da via (substituição de carris, travessas e balastro), mas não se aproveitou para fazer trabalhos que aumentassem a velocidade dos comboios, a qual continuará limitada a 80 e 90 Km/hora.
A conclusão destas obras vai permitir estender o serviço suburbano da CP Porto até Marco de Canavezes com comboios eléctricos, eliminando o transbordo que actualmente é realizado em Caíde para uma automotora a diesel.
Historicamente as obras em vias férreas são realizadas durante a noite para não perturbar a circulação dos comboios, mas nos últimos 15 anos a Refer (agora Infra-estruturas de Portugal) inaugurou uma nova abordagem que consiste em encerrar completamente a linha. Resultou bem no caso da modernização do troço Casa Branca – Évora e na reconversão da linha de Guimarães em via larga.
Mas correu mal no ramal da Lousã onde, depois de encerrada a linha, as obras foram interrompidas e os comboios não mais voltaram a circular. O mesmo aconteceu entre Covilhã e Guarda, na linha da Beira Baixa, que fechou em 2009 para obras de modernização e ainda não reabriu (teve agora um segundo recomeço que deverá estar concluído em 2019).
No Douro, as obras entre Caíde e Marco deveriam ter decorrido entre 2015 e 2016, de acordo com o Plano de Investimentos Ferrovia 2020, mas vicissitudes várias relacionadas com dificuldades financeiras dos empreiteiros e erros de projecto, fizeram a calendarização derrapar para 2018.
O mesmo plano do governo prevê também que as obras de electrificação da linha do Douro prosseguissem de Marco de Canavezes para a Régua no segundo trimestre de 2018, mas a obra nem sequer foi ainda a concurso público.