A noite das intercalares foi das mulheres, do movimento LGBT e da diversidade
As eleições de 2018 nos EUA destacaram-se pelo grande número de mulheres e pelos candidatos de diferentes etnias, orientações sexuais, idades e religiões.
Houve um número recorde de mulheres a candidatar-se nas eleições de quarta-feira nos Estados Unidos. Ao todo, foram 237 as candidatas na corrida para a Câmara de Representantes (a câmara baixa do Congresso) e 16 na corrida para os governos estaduais. Ainda sem a totalidade dos votos contados, tinham sido eleitas 107 mulheres para a Câmara.
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Houve um número recorde de mulheres a candidatar-se nas eleições de quarta-feira nos Estados Unidos. Ao todo, foram 237 as candidatas na corrida para a Câmara de Representantes (a câmara baixa do Congresso) e 16 na corrida para os governos estaduais. Ainda sem a totalidade dos votos contados, tinham sido eleitas 107 mulheres para a Câmara.
Foras as primeiras eleições norte-americanas da era #MeToo, um movimento que começou por denunciar casos de abuso sexual e assédio em Hollywood, mas que depressa se espalhou a outras áreas. E foram também as primeiras eleições depois da nomeação de Brett Kavanaugh, o juiz acusado de assédio sexual, para o Supremo Tribunal - Trump defendeu-o até ao fim.
"Quando nos reunimos em Boston, depois das eleições de Novembro de 2016, para a Marcha das Mulheres, erguemos cartazes que diziam: 'Hoje marchamos, amanhã candidatamo-nos'. Mas eles não acreditaram em nós", resumiu a futura congressista Ayanna Pressley no rescaldo destas eleições.
As primeiras congressistas negras...
A democrata Pressley foi uma das pioneiras da noite: foi a primeira negra eleita congressista pelo Massachussetts. Não esteve sozinha. Também Jahana Hayes foi a primeira mulher negra eleita para o Congresso pelo estado do Connecticut.
... e nativo-americanas
Sharice Davids e Deb Haaland, ambas democratas, são as primeiras nativo-americanas eleitas. Davids ganhou no Kansas e Haaland, no Novo México.
Deb Haaland é membro da Pueblo of Laguna, uma das 566 tribos reconhecidas no país. Venceu com 59,1% dos votos contra os 36,4% da republicana Janice Arnold-Jones e os 4,6% do liberal Lloyd Princeton. A partir de Janeiro de 2019, quando a nova legislatura toma posse, vai ocupar o lugar de outra mulher, Michele Lujan Grisham, que deixou o cargo para concorrer a governadora.
A eleição de Sharice Davids, membro da nação de Ho-Chunkl, representa ainda outra novidade: é a primeira lésbica a ocupar um lugar no Congresso pelo estado do Kansas. A advogada conseguiu 53% dos votos.
As projecções também dão a vitória à republicana Yvette Herrell para um lugar na Câmara dos Representantes pelo Novo México. Se se confirmarem, será a terceira nativo-americana no Congresso. Herrell é membro da nação Cherokee.
As primeiras congressistas latinas na história do Texas
Os latinos constituem quase 40% da população do Texas, mas nunca houve uma mulher latina a ocupar um lugar na Câmara de Representantes. Em Janeiro terá duas: Veronica Escobar e Sylvia Garci.
Dobradinha para as congressistas muçulmanas
O Congresso dos EUA também nunca tinha tido uma muçulmana. A eleição das democratas Rashida Tlaib e Ilham Omar mudaram essa realidade.
Tlaib é filha de pais palestinianos e foi eleita pelo estado do Michigan. Não teve um candidato republicano a competir contra ela, e conseguiu 88% dos votos contra os candidatos do Partido da Classe Trabalhadora e dos Verdes.
Ilham Omar, de origem somali, viveu quatro anos num campo de refugiados no Quénia antes de chegar aos Estados Unidos, quando tinha 12 anos. Já contava com um feito semelhante no currículo: foi a primeira legisladora do seu estado (Minnesota) de origem somali.
A mais jovem
Alexandria Ocasio-Cortez é a mais jovem congressista de sempre. Com 29 anos e sem carreira política (antes de se tornar candidata, servia às mesas num restaurante mexicano), conseguiu 78% dos votos no bairro de Nova Iorque onde foi candidata. Anthony Pappas, o seu rival republicano, alcançou apenas 14%.
O primeiro gay assumido governador
Jared Polis é político, empresário e filantropo. Em seu nome tem uma fortuna avaliada em quase 400 milhões de dólares (348 milhões de euros). Ganhou no estado do Colorado, onde já era congressista estadual desde 2009 e foi o primeiro homem abertamente homossexual a ser eleito governador.
Não é, no entanto, o primeiro governador gay. Jim McGreevy, democrata de Nova Jersey, eleito governador em 2001, admitiu ser homossexual quando já ocupava o cargo.
A primeira senadora do Tennessee e a primeira governadora da Dacota do Sul
A republicana Marsha Blackburn foi a primeira mulher a ser eleita senadora no Tennessee, apesar de ter estar sob fogo pelo apoio que deu à nomeação de Brett Kavanaugh. A cantora Taylor Swift, que admitiu ser democrata, pediu aos fãs que não votassem nela, mas não conseguiu impediu a eleição.
Kristi Noem, também republicana, é a primeira mulher eleita governadora do Dacota do Sul.
Não ganharam mas também fizeram história
Gina Ortiz Jones juntar-se-ia a Escobar e Garci, no Texas, se tivesse vencido. Latina e lésbica, concorreu a um lugar no Congresso, mas não conseguiu ultrapassar o republicano Will Hurd, com 49,1% dos votos.
Na mesma linha, se tivesse sido eleita, Christine Hallquist, do Vermont, seria a primeira governadora transgénero dos Estados Unidos.