John Akomfrah leva as alterações climáticas ao Museu Berardo

Purple, a instalação vídeo do artista e cineasta britânico de origem ganesa, chega esta quarta-feira a Lisboa. É considerada o seu mais ambicioso projecto até à data.

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Uma instalação do artista e realizador britânico John Akomfrah sobre as alterações climáticas no planeta e os seus efeitos nas comunidades, na biodiversidade e na vida selvagem vai ser inaugurada esta quarta-feira no Museu Colecção Berardo, em Lisboa.

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Uma instalação do artista e realizador britânico John Akomfrah sobre as alterações climáticas no planeta e os seus efeitos nas comunidades, na biodiversidade e na vida selvagem vai ser inaugurada esta quarta-feira no Museu Colecção Berardo, em Lisboa.

John Akomfrah: Purple resulta daquele que é considerado o seu projecto mais ambicioso até à data, concretizado numa instalação de vídeo em seis canais que mapeia as alterações climáticas em curso e o seu impacto no planeta. Vem no seguimento de Vertigo Sea (2015), obra de Akomfrah que esteve em destaque na 56. ª Bienal de Arte de Veneza, e forma o segundo capítulo de uma tetralogia cinematográfica sobre a estética e a política da matéria.

Dividida em seis movimentos interligados, a peça combina centenas de horas de filmes de arquivo com filmagens recentes "e um som hipnótico", segundo um comunicado do museu. "Encenado numa variedade de paisagens ecológicas em perigo, desde o interior do Alasca à gelada e desolada Gronelândia ou às vulcânicas Ilhas Marselhas no Pacífico Sul, cada local incita o observador a meditar na complexa relação entre os seres humanos e o planeta", prossegue o comunicado.

Numa altura em que, segundo as Nações Unidas, as emissões de gases de efeito de estufa decorrentes da actividade humana atingem máximos históricos e as populações sentem um forte impacto das alterações climáticas, Purple aborda as relações de causa-efeito entre fenómenos como a extinção de mamíferos, a memória do gelo, a proliferação do plástico nos oceanos, a subida do nível do mar e eventos meteorológicos mais extremos, como resultado do aquecimento global.

"Os filmes de Akomfrah caracterizam-se pela riqueza do estilo visual, construído em diversas camadas, que combina frequentemente a política contemporânea com a história ou a ficção com a mitologia", acrescenta.

John Akomfrah tem vindo a explorar, nas suas obras, o resultado de investigações em tópicos como a memória, a identidade, o pós-colonialismo, explorando também muitas vezes, como em Mnemosyne, que em 2011 trouxe ao espaço Carpe Diem, em Lisboa, a experiência da diáspora africana na Europa e nos Estados Unidos. O seu primeiro filme, Handsworth Songs (1986), focava aliás os motins de Birmingham e Londres, através de filmagens de arquivo, fotografias documentais e noticiários.

Do trabalho mais recente de Akomfrah, fazem parte Tropikos (2016), instalação em três ecrãs em referência ao trabalho de Stanley Kubrick e de Theo Angelopolous, Auto da Fé (2016), filme de época que apresenta uma série de oito migrações históricas ao longo dos últimos 400 anos, e Airport (2016), um filme de época experimental que explora a deslocação forçada de milhões de africanos até à Grã-Bretanha, através do Atlântico, no século XVI.

Nascido em 1957, em Acra, no Gana, Akomfrah vive e trabalha em Londres.

Membro fundador do Black Audio Film Collective (1982-1998), a sua obra vem sendo apresentada em museus e exposições por todo o mundo, incluindo a Bienal de Liverpool, a Documenta 11, em Kassel, o Centro Pompidou, em Paris, a Galeria Serpentine, em Londres, ou a Tate Britain, também na capital britânica.

A exposição estará patente no Museu Colecção Berardo, em Lisboa, até 10 de Março de 2019.