É época de prémios literários em França e Nicolas Mathieu ganhou o Goncourt

Os vencedores de dois prestigiados galardões foram anunciados esta quinta-feira em Paris: Goncourt para o romance Leurs enfants après eux e Renaudot para Le sillon, de Valérie Manteau.

Foto
Nicolas Mathieu, 40 anos, fotografado esta quarta-feira na varanda do restaurante Drouant, em Paris GONZALO FUENTES/reuters

O romance Leurs enfants après eux (Actes Sud) valeu a Nicolas Mathieu o Prémio Goncourt, o mais importante da literatura em francês.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

O romance Leurs enfants après eux (Actes Sud) valeu a Nicolas Mathieu o Prémio Goncourt, o mais importante da literatura em francês.

O livro do escritor que se estreou com Aux animaux la guerre (2014) deixou para trás Frère d'âme (Seuil), de David Diop, Maîtres et esclaves (Gallimard), de Paul Greveillac, e L’hiver du mécontentement (Flammarion), de Thomas B. Reverdy.

Na recta final, escreve a imprensa francesa, o galardão foi disputado entre as obras de Mathieu e de Greveillac. Foram precisos quatro escrutínios para que o primeiro ganhasse ao segundo por dois votos (seis contra quatro).

Segundo o diário Le Monde, Nicolas Mathieu não era o favorito, não porque o seu seu livro, muito bem acolhido pela crítica, não tivesse qualidade, mas porque a sua editora era também responsável pelo romance escolhido em 2017 – L’Ordre du jour, d’Eric Vuillard.

Em Leurs enfants après eux, ainda de acordo com o diário francês, o autor nascido nos Vosges em 1978 descreve os anos da sua adolescência e juventude, entre 1992 e 1998, época em que, num vale perdido da Lorena, Anthony, de 14 anos, tenta combater o tédio ao som dos Nirvana na companhia do primo e dos amigos, enquanto desperta para o primeiro amor. O romance de Mathieu é uma crónica de quatro Verões, com base em outras tantas personagens, que lança um olhar sem nostalgia sobre um mundo que estava irremediavelmente condenado a desaparecer.

“É um romance de aprendizagem, um romance de desilusão”, disse recentemente à Agência France Presse o autor, de 40 anos.

E porque é, definitivamente, época de prémios literários em França e há tradições que são para manter — esta segunda-feira o Femina foi atribuído a Phillippe Lançon por Le Lambeau (Gallimard) e um dia depois Pierre Guyotat recebeu o Médicis por Idiotie (Grasset) —, esta quarta-feira foi também dia de Renaudot (os dois prémios são sempre anunciados em conjunto, depois de o júri se reunir no Restaurante Drouant, perto da Ópera de Paris).

O prémio que homenageia o jornalista Théophraste Renaudot, fundador do primeiro jornal francês (La Gazette), em 1631, distinguiu no romance Valérie Manteau, autora de Le sillon (Le Tripode). Na área do ensaio, a escolha foi para Olivia de Lamberterie e para o seu Avec toutes mes sympathies (Stock); o Renaudot para livros de bolso foi parar às mãos de Salim Bachi, por Dieu, Allah, moi et les autres (Gallimard).