Bill Gates apresentou o "futuro da sanita"

Pelo menos 2,3 mil milhões de pessoas em todo o mundo ainda não têm acesso a saneamento básico. O fundador da Microsoft quer mudar isso.

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Reuters/THOMAS PETER

Bill Gates, fundador da Microsoft, esteve em Pequim, num evento dedicado ao tema do saneamento, nesta terça-feira, para, ao lado de um recipiente com fezes humanas, a apresentar 20 ideias para melhorar o saneamento em locais que não têm redes de esgotos. Uma dessas ideias é uma sanita reinventada.

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Bill Gates, fundador da Microsoft, esteve em Pequim, num evento dedicado ao tema do saneamento, nesta terça-feira, para, ao lado de um recipiente com fezes humanas, a apresentar 20 ideias para melhorar o saneamento em locais que não têm redes de esgotos. Uma dessas ideias é uma sanita reinventada.

O recipiente com fezes causou “alguns risinhos da audiência”, mas, de acordo com o que Bill Gates escreveu no seu blog, serviu “para chamar a atenção para uma questão que mata mais de 500 mil pessoas a cada ano: mau saneamento”. De acordo com os números da Organização Mundial de Saúde, em 2017 pelo menos 2,3 mil milhões de pessoas ainda não tinham acesso a saneamento básico em todo o mundo.

O recipiente tinha um propósito – o de ilustrar o perigo que podem constituir os dejectos não tratados. Gates apresentou os números: dentro daquele recipiente cabiam “quase 200 biliões de rotavírus, 20 mil milhões de bactérias shigella e 100 mil ovos de larvas parasitárias”.

Estes são os principais causadores de doenças como a cólera, diarreia e disenteria, que são algumas das causas de morte evitáveis que mais matam por ano. À falta de uma rede de saneamento eficiente, estes dejectos acabam, muitas vezes, na água de consumo. A falta de água potável e saneamento básico está na origem da morte de cerca de 842 mil pessoas.

“Em países ricos, temos esgotos que trazem água limpa e levam a água suja, em quase todos os casos há uma central de tratamento”, explicou Gates em entrevista à BBC. “Mas também há cidades novas com menos pessoas ricas, onde os esgotos não foram construídos e nunca serão, por isso a questão é: o que se pode fazer? Como se pode processar os resíduos humanos sem um sistema de esgotos?”

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Uma sanita revolucionária

A fundação Bill e Melinda Gates, dedicada ao desenvolvimento humano, trabalhou estes temas durante sete anos – com um investimento que ultrapassou os 200 milhões de dólares. Os anos de trabalho resultaram em 20 protótipos de produtos sanitários, pensados para destruir bactérias e outros organismos causadores de doenças.

“Há uma década nunca achei que ia saber tanto sobre cocó”, brincou Gates durante a apresentação. “E nunca pensei que a Melinda teria de me dizer para parar de falar sobre sanitas e material fecal à mesa de jantar.”

O protótipo que mais entusiasma o milionário é o de uma sanita que separa resíduos sólidos dos líquidos e dispensa a criação de uma rede de esgotos. Se tudo correr como previsto, estará disponível em 2030.

O magnata descreveu a tecnologia desta sanita como um “dos mais significativos avanços no saneamento em quase 200 anos”. Resumidamente, esta sanita funciona como uma “central de tratamento em ponto pequeno” que se alimenta sozinha. “Decompõe resíduos humanos e destrói germes”. A água fica limpa e os sólidos resultantes podem ser usados como fertilizantes.

Este protótipo será capaz de controlar odores, separar resíduos sólidos de líquidos e controlar resíduos menstruais, entre outras coisas.