Pais fecham escola a cadeado em Tramagal devido a falta de auxiliares

Uma auxiliar para 86 alunos e pais preocupados com "falta de segurança e acompanhamento" das crianças levou à acção de protesto dos encarregados de educação.

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Adriano Miranda

O Centro Escolar de Tramagal, no concelho de Abrantes, foi esta terça-feira fechado a cadeado pelos pais dos cerca de 80 alunos em protesto pelo "número insuficiente de assistentes operacionais" e pela "falta de segurança e acompanhamento" das crianças.

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O Centro Escolar de Tramagal, no concelho de Abrantes, foi esta terça-feira fechado a cadeado pelos pais dos cerca de 80 alunos em protesto pelo "número insuficiente de assistentes operacionais" e pela "falta de segurança e acompanhamento" das crianças.

"Os pais revoltaram-se e fecharam a escola a cadeado porque só há uma auxiliar para 86 alunos e estamos preocupados com a segurança dos meninos, com a falta de limpeza das instalações e com o acompanhamento nas refeições e no recreio, tudo devido a um défice de pessoal operacional", disse à Lusa a presidente da Associação de Pais e Encarregados de Educação, Sandra Sobral.

"Não terá sido a decisão mais fácil ou a pretendida pelos pais que gostariam que a mesma não tivesse sido necessária", confirmou Sandra Sobral, tendo feito notar o seu "apoio à decisão tomada pelos pais".

O Centro Escolar de Tramagal conta com duas auxiliares, mas apenas uma está a trabalhar porque a colega está de baixa.

"Queremos funcionárias! Não há condições"

Esta terça-feira, quando chegaram ao Centro Escolar, pelas 7h30, as duas funcionárias das Actividades de Tempos Livres (ATL) do pré-escolar, que são pagas pela Associação de Pais, depararam-se com o portão principal da escola fechado a cadeado e com um cartaz onde se podia ler: "Queremos funcionárias! Não há condições".

Chamada ao local, a GNR rebentou com os cadeados e abriu os portões cerca das 9h30, tendo os encarregados de educação recusado a entrada dos seus educandos no estabelecimento de ensino, defendendo junto de autarcas e professores presentes que se encontre uma solução para o problema.

A acção desta terça-feira, frisou Sandra Sobral, representa o "culminar de uma situação que se vem arrastando desde o início do ano", e que "apesar dos esforços feitos pela Associação, que chegou a deslocalizar uma funcionária do ATL, paga pelos pais, para o Centro Escolar", a mesma "não pode solucionar o que compete ao Ministério" da Educação.

"Estando aberto concurso para colocação de assistentes operacionais, foi o mesmo cancelado pelo Ministério, deixando que se arrastasse o problema da falta de assistentes operacionais", afirmou.

O Centro Escolar de Tramagal, lembra ainda a presidente da Associação de Pais e Encarregados de Educação, "conta com 86 alunos, tendo duas auxiliares, que, além da segurança e guarda dos alunos, têm de zelar pelo bom funcionamento da escola, acompanhamento das crianças e outros serviços", como limpezas, abertura dos portões da escola e acompanhamento nas refeições.

"O Ministério da Educação baseia-se no seu sistema de rácios quando se deveria basear nas carências reais de cada escola", defendeu, tendo reiterado que o fecho do estabelecimento de ensino foi uma acção de "último recurso", em virtude da falta de soluções para a resolução do problema.

Contactado pela Lusa, o director do Agrupamento de Escolas Dr. Manuel Fernandes, Alcino Hermínio, reconheceu que "existe um problema", tendo remetido informações sobre o processo para depois de uma reunião já marcada com os pais ao final do dia.