Campanha pelo "Brexit" multada por violar privacidade de dados dos eleitores

O Leave.EU e a Eldon Insurance, seguradora detida pelo principal financiador da campanha pelo "Brexit", foram responsáveis por um “desrespeito perturbador da privacidade dos eleitores”, segundo relatório do supervisor de informação britânico.

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LUSA/ANDY RAIN

A campanha pela saída do Reino Unido da União Europeia, denominada Leave.EU, e a seguradora detida por Arron Banks, o principal financiador da campanha, foram multados num total de 135 mil libras (mais de 154 mil euros) pelo supervisor de informação britânico por violação das leis de protecção de dados durante o período que antecedeu o referendo sobre o “Brexit”, em 2016.

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A campanha pela saída do Reino Unido da União Europeia, denominada Leave.EU, e a seguradora detida por Arron Banks, o principal financiador da campanha, foram multados num total de 135 mil libras (mais de 154 mil euros) pelo supervisor de informação britânico por violação das leis de protecção de dados durante o período que antecedeu o referendo sobre o “Brexit”, em 2016.

Foi divulgado nesta terça-feira um relatório da comissária da informação britânica, Elizabeth Denham, sobre uma investigação à utilização de dados dos eleitores britânicos durante o referendo à saída da UE. Verificou-se um “desrespeito perturbador da privacidade dos eleitores”, pelo que o Leave.EU e a seguradora Eldon Insurance foram multados em 60 mil libras (cerca de 68.500 euros) cada.

Ambas as organizações violaram a lei que regula o marketing electrónico. Foram enviados mais de um milhão de emails aos subscritores do Leave.EU em dois períodos separados que incluíam publicidade aos serviços da GoSkippy, designação comercial da Eldon Insurance.

Além disso, a campanha pelo “Brexit” recebeu uma multa separada de 15 mil libras por ter enviado cerca de 300 mil emails aos clientes da Eldon com newsletters do Leave.EU.

De acordo com o Gabinete do Comissário de Informação (ICO, na sigla em inglês) do Reino Unido, esta foi a “mais complexa investigação de protecção de dados alguma vez conduzida” por este organismo. Envolveu 71 testemunhas, 30 organizações que estiveram sob escrutínio e mais de 700 terabytes de dados, analisados por uma equipa de mais de 40 investigadores que trabalharam a tempo inteiro desde o início do inquérito, no ano passado.

O ICO diz ainda que as actividades da Cambridge Analytica, empresa responsável pela violação dos dados de dezenas de milhões de utilizadores do Facebook para fins eleitorais em várias regiões do mundo, vão continuar a ser investigadas e que organização sofreria uma pesada multa caso não tivesse colapsado quando rebentou este escândalo.

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Arron Banks é dono da Eldon Insurance e está sob investigação por suspeitas sobre real origem do montante que doou à campanha pelo "Brexit"

O dono da Eldon Insurance, Arron Banks, foi o maior financiador da campanha pelo “Brexit”, especialmente do partido Ukip, então liderado por Nigel Farage. Este financiamento está também sob suspeita da Agência Nacional de Crimes (NCA, na sigla em inglês) britânica. Banks terá doado um total de 8,4 milhões de libras, a maior doação de sempre na política britânica.

Segundo noticia nesta terça-feira o Financial Times, as autoridades britânicas suspeitam que a origem deste montante é outra. Em causa está a ligação de Banks a diplomatas e empresas russas e, por isso, a NCA desconfia que o financiamento chegou da Rússia, com o objectivo de influenciar o processo político no Reino Unido.

Banks tinha já reagido a esta investigação, considerando-a “ridícula” e que a mesma só apareceu por causa da “intensa pressão política de apoiantes anti-‘Brexit’”.

Sobre a multa divulgada nesta terça-feira, Banks disse, no Twitter, que o ICO não tem provas “de uma grande conspiração sobre dados” e que apenas descobriu newsletters que “podem ter sido enviadas por engano”. “Meu Deus, nós comunicámos com os nossos apoiantes e oferecemos-lhes um desconto de 10% depois de votarem no ‘Brexit’! E então?”, acrescentou.