Portugal e China vão construir pequenos satélites em conjunto

Laboratório criado pelos dois países terá um investimento de 50 milhões de euros nos primeiros cinco anos, metade deste dinheiro será assumido por Portugal com fundos públicos e privados.

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O Presidente da China, Xi Jinping, que virá em visita oficial a Portugal em Dezembro CHRIS RATCLIFFE/EPA

A visita oficial a Portugal do Presidente da China, Xi Jinping, em Dezembro, será marcada pela criação entre os dois países de um laboratório conjunto de investigação e desenvolvimento tecnológico para o espaço e para os oceanos. Irá chamar-se STARLab e a sua criação foi anunciada esta terça-feira pelo ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Manuel Heitor.

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A visita oficial a Portugal do Presidente da China, Xi Jinping, em Dezembro, será marcada pela criação entre os dois países de um laboratório conjunto de investigação e desenvolvimento tecnológico para o espaço e para os oceanos. Irá chamar-se STARLab e a sua criação foi anunciada esta terça-feira pelo ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Manuel Heitor.

Neste laboratório pretende-se desenvolver tecnologias e sistemas de engenharia para melhorar o conhecimento, a gestão e a exploração sustentável dos oceanos e do espaço, esperando-se que promova ainda a abertura de centros de investigação em Portugal e Xangai (China). “Será um centro que tem como objectivo a concepção e construção de micro e nanossatélites, que terá um investimento a cinco anos de 50 milhões de euros”, disse ao PÚBLICO Manuel Heitor. Desses 50 milhões de euros, metade será assegurada pela China e a outra metade por Portugal.

“A metade portuguesa do investimento será pública e privada”, acrescentou o ministro, explicando que a parte pública do financiamento será assumida pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT, tutelada pelo Ministério da Ciência) e a parte privada por um consórcio entre a empresa Tekever, que trabalha na área do espaço, e o CEiiA (Centro de Engenharia e Desenvolvimento de Produto, em Matosinhos), que trabalha na área dos oceanos. “É um investimento chinês em Portugal. A China está neste momento a construir um outro laboratório semelhante no Luxemburgo”, nota Manuel Heitor. “O centro é importante porque teremos acesso às tecnologias desenvolvidas na China.”

Para já, do lado chinês, o STARLab contará assim com a participação do Instituto de Microssatélites da Academia de Ciências Chinesa (que nos últimos 15 anos foi responsável pelo lançamento de quase 40 satélites para missões científicas) e do Instituto de Oceanografia da Academia de Ciências Chinesa. Do lado português, além da FCT, da Tekever e do CEiiA, a actividade do laboratório deverá envolver também universidades e centros de investigação, frisa um comunicado de imprensa do Ministério da Ciência.

Este projecto, especificou Manuel Heitor, resultou de um protocolo de cooperação assinado há cerca de um ano e meio entre a Tekever (que trabalha na área dos drones e da robótica de baixa altitude) e a Academia de Ciências Chinesa. Agora a Tekever quer expandir-se para a construção de pequenos satélites.

O laboratório deverá começar a funcionar em Março do próximo ano e terá dois pólos em Portugal – um em Matosinhos e outro em Peniche, onde os pequenos satélites serão fabricados.

Os objectivos do STARLab “estão alinhados”, segundo o comunicado de imprensa, com a criação do Centro Internacional de Investigação do Atlântico (AIR Centre), que irá olhar para espaço, atmosfera, oceanos, clima, energia e ciência de dados de forma integrada.

“O STARLab possui metas a nível científico que passam pelo estudo de fenómenos naturais e os seus potenciais impactos sistémicos e ambientais. Para tal, prevê o desenvolvimento de soluções tecnológicas baseadas, nomeadamente, em microssatélites e na sua integração com plataformas de exploração do mar profundo”, refere ainda Manuel Heitor, citado no comunicado. “Ao mesmo tempo, irá fortalecer uma parceria de longo prazo entre a China e Portugal nas áreas da ciência e tecnologia, passando a ser uma entidade de referência na Europa de colaboração com a Academia de Ciências Chinesa.”