Eurodeputados cépticos sobre utilidade de Centeno no Eurogrupo
Eurodeputados de vários partidos ouvidos pelo PÚBLICO mostram-se cépticos sobre a utilidade para Portugal de ter Mário Centeno a presidir ao Eurogrupo e da sua margem para introduzir mudanças nas políticas económicas da zona euro.
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Eurodeputados de vários partidos ouvidos pelo PÚBLICO mostram-se cépticos sobre a utilidade para Portugal de ter Mário Centeno a presidir ao Eurogrupo e da sua margem para introduzir mudanças nas políticas económicas da zona euro.
Se o ministro português for eleito para o cargo, a eurodeputada Marisa Matias diz que o “mais provável é ficarmos com o Eurogrupo no Governo do que com o Governo no Eurogrupo”. “A utilidade de ter titulares de cargos europeus portugueses colocou-se muito a propósito da escolha de Durão Barroso para presidente da Comissão. Nunca chegámos a ver os benefícios dessa escolha. Antes pelo contrário. A evolução das instituições europeias durante a vigência do mandato de Durão Barroso foi trágica”, afirma a bloquista.
No mesmo sentido manifesta-se João Ferreira, líder da delegação do PCP no Parlamento Europeu. “A experiência recente demonstra que não é por termos portugueses em cargos de destaque na União Europeia que o país beneficia com isso”. “O mais importante são as políticas seguidas. O Eurogrupo tem uma relação de poderes desfavorável a Portugal. E tem concentrados um conjunto de poderes que não deve ter e que devem estar nas mãos das instituições soberanas dos Estados-membros”.
O social-democrata José Manuel Fernandes admite que seja “fácil” Centeno ser o próximo presidente do Eurogrupo porque o PPE já preside a três das principais instituições da UE e deverá ser um socialista a ocupar aquele cargo. “Não há muitos socialistas disponíveis” e, se o ministro português não conseguir ser eleito, “é porque não lhe reconhecem competência ou não reconhecem mérito às políticas deste Governo”. O eurodeputado do PSD não acredita na margem para Mário Centeno introduzir mudanças nas políticas do Eurogrupo ou de replicar em Bruxelas as políticas de António Costa. Critica o executivo por “não executar os orçamentos que apresenta” e “nada fazer para relançar a economia”. “Está apenas a distribuir e a aumentar a despesa corrente”, uma fórmula que Fernandes não acredita que funcione na UE.