Em queda nas sondagens, Macron não cede no imposto sobre os combustíveis

Irredutibilidade do Presidente francês origina protesto nacional, numa altura em que a sua popularidade está em baixa e que o seu partido foi ultrapassado pela extrema-direita nas projecções para as eleições europeias.

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Emmanuel Macron está a enfrentar um momento difícil da governação ETIENNE LAURENT/EPA

Emmanuel Macron garante que não vai reverter a aplicação de um imposto sobre os combustíveis em França, decretada no final de 2017. Com níveis de aprovação cada vez mais reduzidos e um dia depois de uma sondagem colocar a extrema-direita à frente da República em Marcha (LREM, na sigla original) nas eleições para o Parlamento Europeu, o Presidente francês mostra-se irredutível, justificando o imposto como uma medida de protecção ambiental.

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Emmanuel Macron garante que não vai reverter a aplicação de um imposto sobre os combustíveis em França, decretada no final de 2017. Com níveis de aprovação cada vez mais reduzidos e um dia depois de uma sondagem colocar a extrema-direita à frente da República em Marcha (LREM, na sigla original) nas eleições para o Parlamento Europeu, o Presidente francês mostra-se irredutível, justificando o imposto como uma medida de protecção ambiental.

“Prefiro taxar combustível a taxar trabalho. As pessoas que se estão a queixar do aumento dos preços da gasolina são as mesmas que se queixam da poluição e de como ela afecta os seus filhos”, disse Macron, numa entrevista a um grupo de jornais da região Nordeste francesa, publicada esta segunda-feira.

Mais tarde, o líder francês publicou uma mensagem no Twitter, onde garantia “perceber a impaciência e a raiva” das pessoas, mas desafiava a população a apoiá-lo nestas “corajosas decisões”, necessárias para a “transformação profunda” que atravessa a sociedade francesa.

O preço do gasóleo em França já aumentou em cerca de um terço desde o início do ano. Revoltados, os camionistas agendaram um protesto para o dia 17, que incluirá marchas lentas e estradas bloqueadas em todo o país.

A entrada em vigor de impostos sobre o carvão ou o diesel faz parte da lista de possíveis explicações para o clima de descontentamento generalizado em volta de Macron. Esta também inclui a indignação com o ritmo acelerado das suas reformas, a estratégia ineficaz de descolar a sua imagem dos lobbies e grandes grupos económicos ou a contínua remodelação do seu Governo, motivada por demissões repentinas e embaraçosas de ministros importantes.

De acordo com um estudo da YouGov publicado na semana passada, a popularidade do Presidente atingiu o seu mais reduzido nível desde de que foi eleito em 2017: apenas 21% dos inquiridos se mostrou satisfeito com a sua governação.

Esta percentagem pouco abonatória para Macron foi agravada por uma outra sondagem, divulgada no domingo. Depois de o instituto Odoxa Dentsu ter revelado, em meados de Setembro, que a LREM e a União Nacional – a antiga Frente Nacional – estavam praticamente empatados nas intenções de voto para as eleições europeias de Maio de 2019, a Ifop conclui agora que o partido de Marine Le Pen já ultrapassou a plataforma centrista de Macron. 

Segundo a sondagem, o partido de Le Pen agrega 21% dos apoios – sobe 4% –, ao passo que a LREM fica-se pelos 19% – perde 1 ponto percentual. Números preocupantes para Macron, tendo em conta que em Maio deste ano a Ifop dava 27% ao seu partido e apenas 17% à extrema-direita.

O estudo divulgado este domingo parece confirmar a tendência recente das eleições europeias em França – em 2014 foi a Frente Nacional a vencer da contenda.

Com o debate a reduzir-se cada vez mais, naquele país, a um duelo entre pró-europeus e eurocépticos, e a ser disputado em redor de temas como a globalização, a imigração ou a integração, o eleitorado francês vê-se obrigado a escolher, para a Unoão Europeia, entre a abordagem progressista e pró-integração de Macron e a visão nacionalista e soberanista de Le Pen.