Serviço de transporte público da Resende negociado com grande empresa do sector
Um dos maiores operadores de transporte público a operar em Portugal está interessada na empresa de Matosinhos. Negócio pode ter vários moldes, mas resolverá problemas na qualidade do serviço prestado.
O futuro da Transportes Resende deve passar por uma parceria com um dos maiores operadores de transporte de passageiros do país. As negociações estão ainda em curso, com vários modelos de negócio em discussão, mas o desfecho será conhecido nas próximas semanas, a tempo de resolver a situação da empresa, que não tem condições para garantir a concessão do transporte regular de passageiros naquele concelho, que termina no final deste ano.
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O futuro da Transportes Resende deve passar por uma parceria com um dos maiores operadores de transporte de passageiros do país. As negociações estão ainda em curso, com vários modelos de negócio em discussão, mas o desfecho será conhecido nas próximas semanas, a tempo de resolver a situação da empresa, que não tem condições para garantir a concessão do transporte regular de passageiros naquele concelho, que termina no final deste ano.
A autarquia acompanha este processo, tendo em conta que, para além de um serviço público, estão em causa mais de duas centenas de postos de trabalho. Acossada por problemas vários com o serviço prestado, a empresa de Matosinhos enfrenta já a perspectiva de não ver prorrogado, para além do final deste ano, a concessão neste concelho, onde mantém em operação 22 linhas, algumas com ligação ao Porto, Maia, Valongo, Gondomar e Vila do Conde. E dificilmente conseguiria voltar a ganhar a concessão, no concurso que vai ser lançado a seguir.
Pelo que o PÚBLICO conseguiu apurar, a solução que está a ser negociada pode vir a ter um de dois formatos: um deles passa pela compra do serviço de transportes colectivos da Resende, extinguindo-o, mas mantendo a empresa de Matosinhos outras operações, como o serviço de autocarros de turismo. No segundo cenário, seriam as duas empresas a garantir a concessão do transporte regular de passageiros.
Preservar os postos de trabalho
Actualmente, trabalham no operador ainda em funções cerca de 230 pessoas. E em Maio deste ano, a autarquia garantiu que tudo faria para não pôr em causa estes postos de trabalho. Mesmo que o negócio, por algum motivo, não se concretize, e a Resende perca a concessão, como está previsto, de acordo com as informações que o PÚBLICO recolheu continua a ser uma prioridade não deixar os funcionários de fora de uma nova solução.
Se as negociações caírem por terra, sabemos que se desencadeará um processo para encontrar alternativas que poderão passar pelos mesmos moldes da que está agora a ser avaliada. Independentemente de poder vir a existir um novo operador no concelho, a autarquia reafirmou no início de Outubro que pretende que o serviço gerido na totalidade pela STCP, empresa em cuja gestão participa e que poderá, depois, subconcessionar algumas das linhas a outros operadores.
Insatisfeita com a cobertura de transportes no concelho, o município já deixou claro, também, que quer alargar o serviço a várias zonas, ligando Lavra e o Pólo Empresarial onde está situado o IKEA e o Mar Shopping, com extensão ao Metro; a Via Norte a todos os importantes pólos empresariais nas imediações desta artéria; Leça da Palmeira ao Metro na Senhora da Hora, passando pelos grandes parques de estacionamento gratuitos no centro de Matosinhos. Pretende ainda criar uma linha entre o Aeroporto Sá Carneiro e a Senhora da Hora, passando pela zonas do coração do território municipal com escassez ou ausência de oferta de transportes públicos.
De acordo com a autarquia, a frota do futuro responsável pela operação de transporte regular de passageiros deverá incorporar veículos amigos do ambiente, com fontes de energia mais sustentáveis do que a actual. Quanto ao tarifário, o Andante, que já vigora em toda a rede, deve incluir a partir de Abril, como foi já aprovado pelo Governo, o futuro passe metropolitano, que reduz substancialmente o custo das deslocações regulares entre concelhos.
Historial de acidentes
Em Maio deste ano, o presidente da câmara de Gondomar (onde a Resende também opera) e responsável na Área Metropolitana do Porto pelos Transportes e Mobilidade, Marco Martins, disse ao PÚBLICO acreditar não existir, então, um operador capaz de cobrir todo o concelho de Matosinhos. Ganha por isso força a ideia defendida na mesma altura pelo vereador da Mobilidade matosinhense, José Pedro Rodrigues, que entendia que a melhor via será entregar a gestão da operação na totalidade à STCP, recorrendo esta a subconcessões nos casos em que disso necessite.
Nessa mesma altura, a autarquia anunciou que o concurso público para escolher novo operador para substituir a Resende seria antecipado, mantendo a hipótese de uma adjudicação feita por ajuste directo, para 2019, ano em que, por lei, terão de ser lançados concursos para a concessão do serviço público de transporte em todo o país.
A insatisfação em Matosinhos com o seu concessionário foi-se acumulando após um longo historial de incidentes envolvendo a empresa matosinhense. Em menos de um ano, pelo menos três autocarros incendiaram em horário de expediente. A estas três viaturas juntam-se outros veículos que por motivos diversos tiveram de interromper a circulação entre paragens por apresentarem anomalias mecânicas.
Com a delegação de competências na área da mobilidade e serviços públicos de transporte local de passageiros às autarquias, em 2015, o município encetou um processo de sensibilização junto do operador privado no sentido de uma melhoria do serviço prestado. Um desafio que considerou não ter sido resolvido, o que fez acelerar a decisão no sentido de encontrar uma alternativa à empresa matosinhense.