Porto Niepoort de 1863 vendido por 111 mil euros em Hong Kong
A colheita de 1863 é, desde sempre, uma referência na memória do vinho do Porto. Para muitos apreciadores, é a última grande vindima do Douro antes da devastação da filoxera.
A história do vinho do Porto está recheada de vendas a preços que fazem tremer o comum dos mortais (como a de uma garrafa de Porto Noval Vintage de 1931, vendida num restaurante das Bahamas há uns 20 anos por mais de cinco mil euros). Mas, a partir desta sexta-feira, há um novo recorde que o Guinness se apressou a assinalar: um Porto da Niepoort de 1863 numa garrafa magnum (1,5 litros) desenhada e produzida pela cristalaria francesa Lalique, foi vendido num leilão em Hong Kong por 127 mil dólares (cerca de 111 mil euros).
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A história do vinho do Porto está recheada de vendas a preços que fazem tremer o comum dos mortais (como a de uma garrafa de Porto Noval Vintage de 1931, vendida num restaurante das Bahamas há uns 20 anos por mais de cinco mil euros). Mas, a partir desta sexta-feira, há um novo recorde que o Guinness se apressou a assinalar: um Porto da Niepoort de 1863 numa garrafa magnum (1,5 litros) desenhada e produzida pela cristalaria francesa Lalique, foi vendido num leilão em Hong Kong por 127 mil dólares (cerca de 111 mil euros).
A colheita de 1863 é, desde sempre, uma referência na memória do vinho do Porto. Para muitos apreciadores, é a última grande vindima do Douro antes da devastação da filoxera (um insecto originário da América do Norte). Ou seja, o último grande Porto do tempo em que os porta-enxertos não eram provenientes da América. Já nesta década, a Taylor’s lançou no mercado 1650 garrafas de um Porto deste ano memorável (o Scion) a cerca de 3000 euros por garrafa. O Niepoort de 1863 foi muito para lá deste valor.
Nos registos da Niepoort, este 1863 aparece identificado com rigor em 18 de Setembro de 1905. Nesse ano, os antepassados de Dirk Niepoort, o irreverente enólogo que dirige a casa fundada por holandeses em 1842, transferiram uma parte do vinho que tinha passado mais de 40 anos em cascos para 11 “demijohns”, garrafões de vidro com capacidade ente oito e 11 litros. Ao longo dos anos, a maior parte desse vinho foi utilizado em lotes para fazer os grandes Porto da casa. O último desses “demijohns” foi utilizado em cinco magnuns. Cada magnum recebeu o nome de um membro de diferentes gerações dos Niepoort e a casa fez um acordo para que a Lalique criasse a garrafa onde seria comercializado. Uma dessas magnus foi depois levada a leilão em Hong Kong.
Antes desse evento, amostras deste vinho foram provadas por James Suckling, um crítico norte-americano que é considerado um dos grandes especialistas mundiais de vinho do Porto, e por Jancis Robinson, crítica do Financial Times (entre outras funções). Ambos deram nota máxima ao Niepoort de 1863 (Suckling 100 pontos e Jancis 20). O que ajudou a Niepoort a colocar-se na vanguarda dos preços na longa história dos grandes Porto.