Quem são os acusados no processo independentista da Catalunha
Penas de prisão de mais de 15 anos de prisão para nove políticos e dirigentes associativos. Para três responsáveis da polícia catalã é pedida uma pena de 11 anos de prisão.
Junqueras, o líder
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Junqueras, o líder
Oriol Junqueras, líder do partido independentista ERC (Esquerda Republicana da Catalunha) e "número dois" do executivo catalão (Generalitat) que declarou a independência a 27 de Outubro do ano passado, é considerado o líder do processo e acusado de rebelião e desvio de dinheiros públicos (para a realização do referendo de 1 de Outubro). Junqueras, que era o "número dois" de Carles Puigdemont, surge em lugar cimeiro pela ausência do então líder da Generalitat, que Madrid não conseguiu extraditar. Neste processo, Junqueras é considerado o principal responsável pelo processo independentista catalão e assim é para ele que o Ministério Público (MP) pede a maior pena: 25 anos de prisão e perda de todos os direitos políticos durante o mesmo período. A acusação foi conhecida justamente no dia em que cumpre um ano de prisão.
Forcadell e os Jordi
Carme Forcadell, que era então presidente do parlamento catalão, e Jordi Sànchez e Jordi Cuixart, então líderes das duas maiores organizações culturais independentistas (a Associação Nacional Catalã e a Òmnium), seguem-se no grau de responsabilização. São acusados de serem promotores ou líderes da rebelião mas não de desvio de fundos, e para eles o MP pede 17 anos de prisão.
Os outros "rebeldes"
Já os antigos membros do executivo de Puigdemont que estão também actualmente detidos são acusados de rebelião (mas não de a chefiarem) e desvio de dinheiros públicos. A pena pedida para estes ex-conselheiros (ministros) – Joaquim Forn, Jordi Turull, Josep Rull, Raül Romeva e Dolors Bassa – é de 16 anos de prisão. Tal como no caso de Puigdemont, os restantes antigos conselheiros que não estão em território espanhol (são quatro) foram deixados de fora do processo.
Os desobedientes
Outros três antigos conselheiros actualmente em liberdade – Carles Mundó, Meritxell Borràs e Santi Vila – são acusados de desobediência e desvio de dinheiros públicos e para eles é pedida uma pena de sete anos de prisão. Esta pena poderia ser reduzida caso devolvessem as verbas alegadamente desviadas, diz o MP.
Finalmente, são pedidas penas de multa (e perda de direitos políticos de um ano) para os ex membros da mesa do Parlament Lluís Corominas, Lluis Guinó, Anna Simó, Ramona Barrufet, e Josep Nuet, e ainda para a ex-líder parlamentar da formação independentista CUP (Candidatura de Unidade Popular) Mireia Boya.
Todos são acusados por desobediência grave (a pena pedida é ligeiramente menor para Nuet).
Puigdemont, o ausente
O grande ausente: Carles Puigdemont é mencionado três vezes na acusação do Ministério Público como “ausente/em fuga”. Espanha tentou duas vezes extraditá-lo, uma vez da Bélgica, outra da Alemanha, mas em ambos os casos as autoridades não consideraram os crimes de rebelião e sedição pelo qual Madrid pedia a extradição. Os outros quatro conselheiros que estão também fora de Espanha foram ignorados nesta acusação, assim como Marta Rovira, secretária-geral da ERC, e Ana Gabriel, ex-líder do grupo parlamentar da CUP, que estão também no estrangeiro.
Trapero, uma "peça-chave"
Num outro processo (a correr na Audiência Nacional, e não no Supremo, mas cuja acusação foi também conhecida esta sexta-feira), o antigo chefe dos Mossos d’Esquadra (a polícia catalã), Josep Lluís Trapero, é acusado de rebelião e para ele é pedida uma pena de 11 anos de prisão.
A mesma pena foi pedida contra Pere Soler, ex-director dos Mossos, e César Puig, secretário-geral do ministério do interior encarregado pela força policial. Os três são considerados “peças-chave” da alegada conivência da polícia com o processo independentista catalão. Já para a quarta acusada, a intendente dos Mossos Teresa Laplana, é pedida uma pena menor, de quatro anos de prisão.