Trump diz a militares na fronteira com o México para abrirem fogo se forem apedrejados por imigrantes

A permissão para usar armas de fogo foi dada aos militares destacados para a fronteira com o México.

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Trump diz que caso sejam apedrejados, os militares devem responder como se fossem "espingardas" LUSA/JIM LO SCALZO

O Preidente dos Estados Unidos, Donald Trump, radicalizou o seu discurso sobre imigração nas vésperas das eleições para o Congresso, que têm lugar na terça-feira. Afirmou que deu ordem aos militares destacados para a fronteira com o México para dispararem contra os imigrantes da América Central em caso de confronto - mesmo que sejam usadas pedras.

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O Preidente dos Estados Unidos, Donald Trump, radicalizou o seu discurso sobre imigração nas vésperas das eleições para o Congresso, que têm lugar na terça-feira. Afirmou que deu ordem aos militares destacados para a fronteira com o México para dispararem contra os imigrantes da América Central em caso de confronto - mesmo que sejam usadas pedras.

"Espero que não [aconteça]. Mas se alguém atirar pedras — como fizeram no México — vamos considerar que é um ataque com uma arma de fogo, porque a diferença não é muita”, argumentou Trump numa conferência de imprensa na Casa Branca. “Querem atirar pedras aos nossos militares? As nossas forças vão responder com tiros”, disse. 

Um grupo de imigrantes de diversos países da América Central que se desloca em caravana em direcção aos EUA, entrou recentemente em conflito com a polícia da Guatemala, contra quem atirou pedras. 

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Estas caravanas partem da América Central com destino aos EUA em busca de segurança HANNAH MCKAY/Reuters

“Disse aos nossos militares: considerem que as pedras são espingardas”, vincou o Presidente dos EUA.

Na conferência de imprensa, Trump - sem apresentar dados que comprovassem as suas declarações - afirmou que as famílias que entram nos Estados Unidos são “agressores violentos” que irão pôr em causa a segurança do país.

Trump prometeu também emitir um decreto presidencial para proibir os imigrantes de pedirem asilo se tiverem entrado ilegalmente nos Estados Unidos e avisou que vai criar “cidades de tendas” para reter todas as pessoas que atravessem a fronteira dos EUA sem documentação. A lei norte-americana prevê actualmente que os imigrantes em busca de asilo podem requerê-lo independentemente da forma como chegaram ao país.

O Presidente repetiu que vai “cortar ou reduzir substancialmente” a ajuda financeira à Guatemala, Honduras e El Salvador, “porque eles não nos ajudam em nada”. Trump já tinha dado a conhecer as suas intenções no Twitter, onde acusou os governos dos três países de “não terem sido capazes de fazer o seu trabalho” para impedir os seus cidadãos de se dirigirem “ilegalmente até aos Estados Unidos”.

As declarações de Trump surgem a dias das eleições para o Congresso. Nas últimas semanas, Trump adensou o discurso anti-imigração, culpando o Partido Democrata pelas “leis liberais ridículas” de imigração e pela permissividade do México em relação à entrada de "grandes fluxos de droga e de pessoas" nos EUA.

“Cada vez que virem uma caravana, ou pessoas a entrar ilegalmente, ou a tentar entrar, pensem e culpem os Democratas por não nos darem os votos para mudarmos as nossas patéticas leis anti-imigração! Lembrem-se das eleições!”.

Estas caravanas acontecem anualmente. São constituídas, na sua maioria, por homens, mulheres e crianças em fuga de zonas muito violentas e de grande pobreza. 

Na última semana, Trump enviou tropas para a fronteira Sul dos EUA e ameaçou eliminar o "direito de solo", previsto na Constituição e que determina que as crianças nascidas em território norte-americano — mesmo que sejam filhas de imigrantes ilegais — têm direito à nacionalidade norte-americana.

Quando questionado sobre se as crianças iriam novamente ser separadas dos pais na fronteira, Trump fugiu à resposta.