Moro disponível para integrar Governo Bolsonaro; reunião entre os dois quinta-feira

O Presidente eleito convidou o juiz que lidera a Lava-Jato para assumir a pasta da Justiça ou a entrar no Supremo, quando houver uma vaga. Bolsonaro anunciou quarto ministro.

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Sergio Moro Reuters/Rodolfo Buhrer

O juiz Sérgio Moro, que dirige a operação anti-corrupção Lava Jato, deve reunir-se quinta-feira com o Presidente eleito do Brasil, Jair Bolsonaro, que quer convidá-lo para ministro da Justiça, diz o jornal O Globo. Nesta quarta-feira, o Presidente anunciou o astronauta Marcos Pontes como próximo ministro da Ciência e Tecnologia.

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O juiz Sérgio Moro, que dirige a operação anti-corrupção Lava Jato, deve reunir-se quinta-feira com o Presidente eleito do Brasil, Jair Bolsonaro, que quer convidá-lo para ministro da Justiça, diz o jornal O Globo. Nesta quarta-feira, o Presidente anunciou o astronauta Marcos Pontes como próximo ministro da Ciência e Tecnologia.

Moro já admitiu poder vir a integrar o Governo de Bolsonaro, mas quer primeiro ouvir o que o Presidente eleito tem para lhe dizer. "Tudo depende de conversar para ver se há convergências importantes e divergências irrelevantes", disse o juiz federal ao jornal O Estado de S. Paulo.

“Sobre a menção pública pelo sr. Presidente eleito ao meu nome para compor o Supremo Tribunal Federal quando houver vaga ou para ser indicado para Ministro da Justiça em sua gestão, apenas tenho a dizer publicamente que fico honrado com a lembrança. Caso efectivado oportunamente o convite, será objecto de ponderada discussão e reflexão”, lia-se num comunicado divulgado por Sergio Moro depois de Bolsonaro ter afirmado que quer convidá-lo para um dos cargos. 

Ainda que o antigo Presidente brasileiro, Lula da Silva (Partido dos Trabalhadores) - preso por corrupção e que vai ser ouvido por Moro no dia 14 de Novembro no âmbito de outra investigação de suspeita de corrupção da Lava-Jato -, esteja a planear usar esta proximidade entre Moro e Bolsonaro para pôr em causa a imparcialidade do juiz, O Globo garante que o magistrado defende que uma possível nomeação como ministro da Justiça não cria entraves ao processo.

Moro e Bolsonaro estão para já de acordo num tema: manter a Polícia Federal na alçada do Ministério da Justiça.

Para isso, o Presidente eleito quer anular uma decisão do chefe de Estado cessante, Michel Temer, que vinculou a Polícia Federal a um novo ministério que criou, o da Segurança Pública. Sergio Moro, diz o Estado de São Paulo, considera que, se vier a ser ministro da Justiça - o cargo mais provável, uma vez que a sua entrada no Supremo está condicionada à existência de uma vaga -, é fundamental ter sob seu controlo a Polícia Federal. Segundo a imprensa brasileira, o plano é que Moro seja ministro até que haja vaga para ocupar no Supremo.

Astronauta vai ser ministro

Nesta quinta-feira, Jair Bolsonaro anunciou através do Twitter que Marcos Pontes, tenente-coronel e astronauta, será ministro da Ciência e Tecnologia.

“Comunico que o Tenente-Coronel e Astronauta Marcos Pontes, engenheiro formado no ITA, será indicado para o Ministério da Ciência e Tecnolgia”, escreveu Bolsonaro no Twitter.

A decisão surgiu na sequência da reunião entre Bolsonaro e o seu núcleo-duro, terça-feira no Rio de Janeiro, para discutir a composição do futuro Governo.

Há alguns dias que o nome de Pontes era avançado como possibilidade para liderar esta pasta. Bolsonaro vinha já afirmando que um quarto ministro estava a “sair do forno”.

Pontes, de 55 anos, foi o primeiro astronauta brasileiro e lusófono a integrar uma missão espacial. Em 2006 viajou até à Estação Espacial Internacional a bordo de uma nave russa.

Este Ministério deverá sofrer também algumas alterações no novo Governo. A pasta das Comunicações (que regula entidades de radiodifusão, serviços postais ou telecomunicações, antes um ministério autónomo, mas que actualmente estava vinculada à Ciência e Tecnologia) deve passar para a alçada do Ministério dos Trasnportes e Infraestrutura. O Ensino Superior (até aqui no Ministério da Educação) deve também ser transferido para o ministério liderado por Pontes.

Marcos Pontes é assim o quarto ministro confirmado no executivo de Bolsonaro, e o segundo militar. O general Augusto Heleno está já confirmado no Ministério da Defesa, Onyx Lorenzoni na chefia da Casa Civil, e Paulo Guedes no da Economia.