Merkel não se recandidata à chefia da CDU mas quer acabar mandato de chanceler até 2021

A chanceler alemã anunciou esta segunda-feira que não se recandidatará à liderança do partido e que este será o seu último mandato enquanto chanceler.

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“Não nasci chanceler”, disse a chanceler alemã, Angela Merkel LUSA/FILIP SINGER

A chanceler alemã Angela Merkel disse numa comunicação na sede da CDU que não se recandidatará à liderança do partido, que ocupa desde 2000, no congresso de Dezembro. Contudo, pretende manter-se como chanceler até ao fim do mandato, em 2021.

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A chanceler alemã Angela Merkel disse numa comunicação na sede da CDU que não se recandidatará à liderança do partido, que ocupa desde 2000, no congresso de Dezembro. Contudo, pretende manter-se como chanceler até ao fim do mandato, em 2021.

Merkel anunciou esta segunda-feira "um novo capítulo", no qual não vai ser candidata a "nenhum cargo político" na Alemanha nas próximas eleições. A chanceler disse assumir "toda a responsabilidade pelo que aconteceu desde as eleições do ano passado", mas descreveu o quadro do actual Governo como "inaceitável". Os problemas vão para além da comunicação, por isso a saída da liderança da CDU vai-lhe permitir focar-se nos desafios do Governo, explicou.

Lembrou ainda que é líder da CDU há 18 anos e há quase 13 anos chanceler, desde 2005, afirmando estar “muito grata” pela oportunidade de servir o país. “Não nasci chanceler”, disse.

Merkel acrescentou também que não vai interferir na escolha do seu sucessor: "Historicamente isso correu sempre mal e não vou tentar influenciar as discussões sobre o meu sucessor. Vejo isto como uma oportunidade", disse.

Segundo os meios de comunicação alemães, o antigo líder do grupo parlamentar do partido, Friedrich Merz, é um dos candidatos a sucessor da chanceler na União Democrata-Cristã (CDU). Também a secretária-geral da CDU, Annegret Kramp-Karrenbauer, conhecida como “mini-Merkel” na imprensa estrangeira, já assumiu a sua candidatura. O ministro da Saúde e crítico da chanceler, Jens Spahn, também estará na corrida, diz a Reuters.

Merkel, que durante anos disse que o cargo de chanceler deveria pertencer ao líder do partido, parece estar a seguir os passos do seu antecessor, Gerhard Schröder. Este também permaneceu chanceler da Alemanha depois de ter deixado o seu cargo enquanto líder da coligação entre o Partido Social Democrata (SPD) e os Verdes, em 2004.

A chanceler planeava candidatar-se a mais um mandato enquanto líder do partido na conferência de Dezembro, ainda que se mostrasse pressionada face as fragilidades do Governo de coligação.

“A CDU está num ponto de viragem”, disse o líder regional da CDU na Turíngia, Mike Mohring, ao jornal alemão Die Welt. “Eu disse ao longo destes dias que Angela Merkel sabe o que é o melhor a fazer, e decidiu-se. Temos de o respeitar”. Acrescentou ainda que o importante é “restaurar a confiança das pessoas na CDU”.

Especulava-se que o futuro do Governo de coligação alemão pudesse depender dos resultados das eleições no estado federado do Hesse. Agora, a decisão de Merkel pode deixar a líder do SPD, Andrea Nahles, sob pressão para também deixar o cargo. Merkel e Nahles vão encontrar-se durante o fim-de-semana para discutir o resultado das eleições.

Nahles, que não comentou a saída da chanceler, agendou também uma reunião com a liderança do SPD para definir o futuro da coligação, e eventualmente a sua saída da mesma. Se isso acontecer, Merkel ficará num Governo minoritário, o que pode provocar eleições antecipadas - uma situação arriscada para os partidos fragilizados.

No Hesse, o partido de Merkel obteve os piores resultados desde 1966, segundo as sondagens provisórias das eleições. A estação de televisão pública ZDF mostra que a CDU venceu a eleição com 27,2% dos votos, e que os sociais-democratas, seus parceiros no Governo alemão, obtiveram 19,6%, o pior resultado desde 1946.

A “grande coligação” (entre democratas-cristãos e social-democratas) sofreu grandes perdas, parecendo incapaz de contrariar a onda de impopularidade que os afecta e fragiliza o Governo, o que justifica o crescimento dos Verdes (19,6%) e da Alternativa para a Alemanha (AfD), com 12,8%. O partido de extrema-direita entra pela primeira vez no parlamento do regional e tem agora representantes em todos os 16 estados-federados alemães.

Por último, o Partido Liberal-Democrata (FDP) obteve 7,4% e Die Linke (A Esquerda), 6,6%. É a primeira vez que todos os partidos conseguem um lugar num parlamento de um estado federado.

A CDU tem protagonizado um conflito interminável com a União Social Cristã (CSU) – o seu partido gémeo na Baviera, que há duas semanas sofreu um dos piores resultados eleitorais da sua história, por causa das divergências sobre a política migratória.