Teatro da Vilarinha sem Pé de Vento e em obras a partir de Janeiro
União de Freguesias de Aldoar, Foz do Douro e Nevogilde vai gerir o espaço que durante vinte anos foi o local de residência da companhia de teatro.
A União de Freguesias de Aldoar, Foz do Douro e Nevogilde, no Porto, vai assumir a gestão do Teatro da Vilarinha, que fecha para obras em Janeiro, na sequência da saída da Pé de Vento como companhia residente. Em declarações à Lusa, o presidente da união de freguesias, Nuno Ortigão, explicou que o objectivo é ter uma programação mais completa e inclusiva, que não exclui o Teatro Pé de Vento.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
A União de Freguesias de Aldoar, Foz do Douro e Nevogilde, no Porto, vai assumir a gestão do Teatro da Vilarinha, que fecha para obras em Janeiro, na sequência da saída da Pé de Vento como companhia residente. Em declarações à Lusa, o presidente da união de freguesias, Nuno Ortigão, explicou que o objectivo é ter uma programação mais completa e inclusiva, que não exclui o Teatro Pé de Vento.
"Não é uma novidade. É uma coisa que tem vindo a ser falada há um ano e chegámos a acordo sobre a data em que entregariam a chave. Nós não vamos fechar a porta à companhia de teatro, vamos é assumir a gestão do equipamento", referiu.
A Companhia de Teatro Pé de Vento anunciou, a 26 de Outubro, que deixa de ser, a partir de Novembro, a companhia residente no Teatro da Vilarinha, pondo fim a uma parceria com mais de duas décadas.
Segundo Nuno Ortigão, o contrato de cedência das instalações terminou em 31 de Dezembro de 2016 e não se renovou, uma vez que a junta entendia que não deveria tomar uma decisão em ano de eleições. Ainda assim, já nessa altura, Ortigão diz ter deixado claro que, "ganhando, seria intenção assumir a gestão do teatro".
Em declarações à Lusa, o director da companhia teatral, João Luiz, confirmou que esta intenção foi transmitida deste o primeiro momento, mas só em Junho deste ano "lhes foi comunicado que tinham que deixar por completo as instalações", contrariando aquilo que inicialmente tinha sido falado e que passava pela continuação do secretariado da companhia no Teatro da Vilarinha.
Segundo o encenador, não houve propriamente um acordo para a saída, dado que a companhia foi confrontada com uma situação consumada ao receber "uma carta registada com uma data que marcava a saída [31 de Outubro]". Ainda assim, João Luiz assegura que, depois das obras, a companhia estará disponível para colaborar com o Teatro da Vilarinha.
Segundo o presidente da União de Freguesias de Aldoar, Foz do Douro e Nevogilde, para cumprir o objectivo de abrir o espaço para novos públicos e novas iniciativas, o teatro terá que ser submetido a uma requalificação de fundo, sendo de esperar que 2020 seja "o ano de arranque de uma programação regular do Teatro da Vilarinha". "Nós, neste momento, estamos a fazer um levantamento de patologias. Sabemos que é preciso fazer obras no teatro e é preciso adaptá-lo em termos tecnológicos a novas realidades. Por exemplo, o teatro está preparado para o analógico e hoje as coisas são todas digitais, por isso a União de Freguesias terá que encontrar meios para financiar e requalificar o Teatro da Vilarinha totalmente", afirmou.
Até lá, acrescenta, será difícil a realização de outras iniciativas, já que com a saída da companhia Pé de Vento do Teatro Vilarinha, onde actualmente tem os seus escritórios, o equipamento ficará sem condições técnicas. "Nós não sabemos ainda o que é que irá acontecer ao equipamento que está lá dentro porque todo o material é [da companhia Pé de Vento] e estão dispostos a levar o material todo que está lá dentro, ou seja, tudo o que é som, material eléctrico, as luzes, ou seja, no fundo inviabilizando qualquer produção que se faça lá", explicou o autarca.
Segundo o presidente da União de Freguesias a requalificação que será feita com recurso a fundos comunitários pretende afirmar uma nova imagem do Teatro da Vilarinha como um espaço de cultura, aberto ao teatro, mas também à dança, à música, bem como a outro tipo de iniciativas e companhias, onde se inclui a Companhia de Teatro Pé de Vento. "Tenho a maior das estimas pela companhia de teatro, ela fez um trabalho notável durante estes 20 anos, quanto mais não seja mantendo aquelas instalações funcionais. Por isso jamais passaria pela minha cabeça ou pelo executivo excluir ou despejar a Pé de Vento", defendeu.
Desde Junho que a Pé de Vento está a procurar um local para se instalar, e espera poder anunciar o local onde irá desenvolver a sua programação "até ao final deste ano, o mais tardar em Janeiro".
Enquanto companhia de teatro residente na Vilarinha, a Pé de Vento realizou 78 espectáculos, incluindo 40 estreias absolutas, 22 espectáculos de repertório com 2300 representações e acolheu 89 grupos, num total de 265 representações.