Hesse dá uma vitória agridoce à CDU que não oferece segurança à “grande coligação” alemã
Partido de Merkel e SPD com perdas significativas no estado-federado. Verdes sobem e AfD entra pela primeira vez no parlamento do Hesse.
O futuro do Governo de coligação alemão pode depender dos resultados das eleições no estado federado do Hesse. Por isso, o jornal Bild am Sonntag interrogava em manchete este domingo: “Irá o Hesse fazer implodir hoje a GroKo [grande coligação]?”. Face aos resultados registados pela União Democrata-Cristã (CDU) e o Partido Social Democrata (SPD), adensa-se ainda mais a dúvida.
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O futuro do Governo de coligação alemão pode depender dos resultados das eleições no estado federado do Hesse. Por isso, o jornal Bild am Sonntag interrogava em manchete este domingo: “Irá o Hesse fazer implodir hoje a GroKo [grande coligação]?”. Face aos resultados registados pela União Democrata-Cristã (CDU) e o Partido Social Democrata (SPD), adensa-se ainda mais a dúvida.
As sondagens à boca das urnas da emissora ZDF mostram que o partido de Angela Merkel venceu a eleição com 27,2% dos votos – mas pode perder mais de dez pontos percentuais em comparação com 2013. Perderam tanto como os sociais-democratas, seus parceiros no Governo alemão, que este domingo obtiveram 19,6%.
Os resultados provisórios da disputa eleitoral no Hesse – território com seis milhões de habitantes, onde se destaca o importante centro financeiro de Frankfurt – confirmam ainda o crescimento dos Verdes (19,6%) e da Alternativa para a Alemanha (AfD).
Com 12,8% dos votos, o partido de extrema-direita entra pela primeira vez no parlamento do regional e tem agora representantes em todos os 16 estados-federados alemães. Já os ecologistas, que apresentaram o carismático Tarek al-Wazir como candidato, conseguem o seu melhor resultado de sempre no Hesse, ameaçam destronar o SPD como segunda força do estado-federado e mantêm as portas abertas para voltar a integrar o governo regional.
Os Verdes estavam coligados com a CDU, que poderá ter de procurar um terceiro parceiro para chegar aos 64 deputados necessários para obter a maioria parlamentar.
Com 7,4% e 6,6%, respectivamente, Partido Liberal-Democrata (FDP) e Die Linke (A Esquerda) fecham a lista.
A confirmarem-se estas percentagens, o SPD alcança o seu pior resultado eleitoral no estado-federado desde 1946 e a CDU o pior desde 1966. Números que trazem ainda mais pressão aos partidos que compõem a “grande coligação”, incapazes de contrariar a crescente onda de impopularidade que os afecta e fragiliza o Governo.
A CDU tem protagonizado um conflito interminável com a União Social Cristã (CSU) – o seu partido gémeo na Baviera, que há duas semanas sofreu um dos piores resultados eleitorais da sua história – por causa das divergências sobre a política migratória. Já o SPD continua em ebulição interna, com a ala mais à esquerda do partido a defender o regresso à oposição, sob pena de desaparecer nas próximas legislativas.
Pouco depois de divulgadas as primeiras projecções, Andrea Nahles assumiu que o “SPD perdeu imenso” nestas eleições e que a “política federal contribui significativamente para o fraco desempenho” do partido no Hesse. Numa curta declaração aos jornalistas, a líder social-democrata reconheceu ainda que “algo tem de mudar no SPD”, uma vez que “o actual estado de coisas no Governo não é aceitável”.
Nahles revelou que está em curso a concepção de um novo roteiro de governação, que será apresentado à CDU na avaliação prevista pelos dois partidos no próximo ano. “Nessa altura poderemos decidir se este Governo continua a ser o local certo para nós”, afirmou, citada pela Reuters, chutando para canto a possibilidade de o partido abandonar de imediato a “grande coligação”.
Em declarações à imprensa alemã, Volker Bouffier, governador do Hesse e assumido aliado de Merkel na CDU, confessou que o resultado deste domingo é agridoce para o partido. “É uma noite de sentimentos muito contraditórios. Sofremos baixas pesadas – e por isso devemos ser humildes – mas ainda assim alcançámos dois objectivos: somos a força política mais forte e não poderá ser formado qualquer governo sem nós”, afirmou Bouffier, citado pelo Süddeutsche Zeitung.