Greve: há escolas fechadas e hospitais a meio gás

Os trabalhadores pedem aumentos salariais já que os seus salários estão congelados desde 2009.

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No Hospital de Santa Maria a adesão na urgência central foi de 60% bruno lisita/ARQUIVO

Mais de duas dezenas de hospitais de várias zonas do país estavam com uma adesão entre os 60% e os 100% no turno da noite devido à greve desta sexta-feira da função pública, segundo alguns dados da Frente Comum. Várias escolas de todo o país estão hoje de portas fechadas devido à greve na Função Pública, de acordo com a sindicalista da UGT Lucinda Dâmaso.

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Mais de duas dezenas de hospitais de várias zonas do país estavam com uma adesão entre os 60% e os 100% no turno da noite devido à greve desta sexta-feira da função pública, segundo alguns dados da Frente Comum. Várias escolas de todo o país estão hoje de portas fechadas devido à greve na Função Pública, de acordo com a sindicalista da UGT Lucinda Dâmaso.

Os trabalhadores da administração pública estão em greve por aumentos salariais, o que poderá levar ao encerramento de escolas e serviços municipais, ao cancelamento de actos médicos e comprometer o funcionamento de tribunais e finanças.

De acordo com os dados disponibilizados na madrugada desta sexta-feira pela Frente Comum relativos ao turno da noite, no Regimento de Sapadores de Bombeiros de Lisboa a adesão à greve situou-se nos 90%, estando assegurados apenas os serviços mínimos.

Quanto à recolha nocturna de resíduos, a Frente Comum adiantou que Évora, Seixal, Almada, Palmela, Loures e Moita estão com uma adesão de 100%. Na Câmara Municipal de Lisboa, nos 120 circuitos de recolha de lixo normalmente efectuados, só foram realizados 21.

No que diz respeito às unidades hospitalares, a Frente Comum adianta que em Lisboa, o Hospital de São Francisco Xavier a adesão no turno da noite foi de 95%, na Maternidade Alfredo da Costa 60%, Hospital de S. José (urgência, medicina e bloco operatório) 100%, Hospital D. Estefânia (98%) e no IPO 80%.

No Hospital de Santa Maria a adesão na urgência central foi de 60%, na urgência pediátrica (80%), na urgência, na ginecologia e obstetrícia 70%, no bloco da urgência 100% e nos internamentos 60%. O Hospital de Beja teve uma adesão de 100%, o Amadora/Sintra 95%, Vila Nova de Gaia, Penafiel e Braga com 90%.

O Centro Hospitalar de Leiria, do Tâmega (Viseu), do Baixo Vouga (Aveiro), Centro Hospitalar da Feira, a Unidade Local da Guarda, o Hospital da Figueira da Foz, o Centro Hospitalar Universidade de Coimbra e o IPO de Coimbra estão apenas com os serviços mínimos garantidos.

Os primeiros efeitos do protesto começaram a sentir-se nos hospitais com a mudança de turno das 23h, e nos serviços de saneamento das autarquias, onde a recolha de lixo começou às 22h30 de quinta-feira.

Segundo dados avançados à Lusa pelas 23h pelo presidente do Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Administração Local, José Correia, os serviços de recolha nocturna de lixo em Évora, Seixal, Setúbal, Moita e Palmela estavam todos encerrados.

Já a coordenadora da Frente Comum de Sindicatos da Administração Pública, Ana Avoila, referiu que, de acordo com os dados que disponha naquele momento, a adesão nos hospitais do Norte variava entre os 75% no São João, os 85% no Santo António e os 90% nos hospitais de Gaia, de Chaves e de Penafiel.

Inicialmente a greve foi convocada pela Frente Comum de Sindicatos da Administração Pública (ligada à CGTP) para pressionar o Governo a incluir no Orçamento do Estado para 2019 (OE2019) a verba necessária para aumentar os trabalhadores da função pública, cujos salários estão congelados desde 2009.

Contudo, após a última ronda negocial no Ministério das Finanças, em meados de Outubro, a Federação de Sindicatos da Administração Pública e o Sindicato dos Quadros Técnicos do Estado, ambos filiados na UGT, anunciaram que também iriam emitir pré-avisos de greve para o mesmo dia, tendo em conta a falta de propostas do Governo, liderado pelo socialista António Costa.

UGT diz que várias escolas de todo o país estão fechadas

Várias escolas de todo o país estão hoje de portas fechadas devido à greve na Função Pública, de acordo com a sindicalista da UGT Lucinda Dâmaso.

Em declarações à Lusa junto ao liceu Passos Manuel, cujos portões estão fechados, a sindicalista disse, cerca das 08:30, que a elevada adesão à greve mostra bem o descontentamento dos trabalhadores com o Governo, salientando que não vão baixar os braços.

Também em declarações à Lusa e no mesmo local, o secretário-geral do Sindicato dos Trabalhadores da Administração Pública (SINTAP), José Abraão, disse que a greve da função pública estava cerca das 08:30 com "importantes números de adesão, o que demonstra que os trabalhadores estão cansados".

"Os trabalhadores estão cansados. Estão a ser repostos direitos, mas os trabalhadores não o sentem. Os serviços estão degradados, cresce a precariedade. Os trabalhadores precisam de um sinal de que é possível aumentar os salários e ter um futuro melhor", frisou o responsável.

Junto aos portões do liceu alguns sindicalistas empunham cartazes a dizer "educação de saco cheio" e "precariedade, carreiras e progressões, aumento salarial, trabalho digo, dignidade funcional".

Torre de Belém, Jerónimos e Museu dos Coches estão fechados

A Torre de Belém, o Mosteiro dos Jerónimos, e os museus nacionais dos Coches e Arqueologia, em Lisboa, estão hoje encerrados devido à greve na Função Pública, disse à agência Lusa Catarina Simão, do Sindicato dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais do Sul e Regiões Autónomas.

Relativamente ao Museu Nacional dos Coches, segundo a dirigente sindical, "estão encerrados tanto o novo museu como o antigo Picadeiro Real", precisou.

Na quinta-feira, os trabalhadores da Torre de Belém, do Mosteiro dos Jerónimos e do Museu Nacional de Arqueologia também fizeram greve, entre as 10h00 e as 11h00, no quadro de um pré-aviso de quatro dias, que se prolonga até domingo.