Sindicatos garantem que “é a maior greve dos últimos anos”

Frente Comum assegura que há 85% de adesão. Educação e Saúde são os sectores mais participativos. CGTP acena com "manif" a 15 de Novembro.

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LUSA/MÁRIO CRUZ

Serviços camarários e escolas encerrados, hospitais em serviços mínimos, museus que não abriram, ausência de recolhas de lixo em diversos municípios e impactos múltiplos em serviços públicos do sector da justiça e da administração central. A primeira paralisação nacional da Função Pública que junta as duas maiores centrais sindicais (UGT e CGTP) durante o mandato do Governo de António Costa faz-se sentir em todo o Continente e nas ilhas. “É a maior greve dos últimos anos na administração pública”, garante Ana Avoila, líder da estrutura que tomou a iniciativa deste protesto, a Frente Comum (CGTP).

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Serviços camarários e escolas encerrados, hospitais em serviços mínimos, museus que não abriram, ausência de recolhas de lixo em diversos municípios e impactos múltiplos em serviços públicos do sector da justiça e da administração central. A primeira paralisação nacional da Função Pública que junta as duas maiores centrais sindicais (UGT e CGTP) durante o mandato do Governo de António Costa faz-se sentir em todo o Continente e nas ilhas. “É a maior greve dos últimos anos na administração pública”, garante Ana Avoila, líder da estrutura que tomou a iniciativa deste protesto, a Frente Comum (CGTP).

A acreditar nos números dos sindicatos, a adesão nacional é de 85%, segundo o balanço feito por volta da hora de almoço.

“Centenas e centenas de escolas e jardins-de-infância da rede pública encontram-se encerrados ou sem actividade lectiva”, garante Ana Avoila, acrescentando que na administração central, nomeadamente nos serviços de atendimento ao público, se registaram adesões da ordem dos 100%.

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O rol de reivindicações dos sindicatos é longo e com especificidades para cada sector mas entre todos há um denominador comum que justifica a convocação desta greve, por iniciativa da Frente Comum: aumento de salários (sindicatos pedem 3% a 4% e o Governo fala num envelope de apenas 50 milhões de euros para toda a administração pública); que o descongelamento das carreiras deixe ser faseado; reposição dos 25 dias de férias; aumento do subsídio de refeição.

Negociações ou "manif" no dia 15

Segurança Social e Justiça, Instituto de Registos e Notariado, Mosteiro dos Jerónimos e Museu de Arqueologia, recolha do lixo em municípios como Évora, Loures, Odivelas, Setúbal, Moita, Palmela, Seixal, Almada e Amadora, são exemplos de serviços que, segundo os sindicatos, foram fortemente afectados pelo protesto desta sexta-feira. O que leva o secretário-geral da CGTP, Arménio Carlos, a aconselhar o Governo a reabrir as negociações. “Depois de nove anos, esta greve tem de ter uma resposta e tem de ter uma resposta de quem tem o direito de a dar, que é o Governo”, diz o mesmo dirigente sindical.

A nível nacional, mais de duas dezenas de hospitais registaram uma adesão à greve entre 60% e 100% no turno da noite: Beja (100%); Amadora/Sintra (95%); Vila Nova de Gaia, Penafiel, Santo António (Porto) e Braga (90%) estão entre as maiores participações. Também nos turnos da noite, a participação em grandes hospitais como o São João, no Porto, foi ligeiramente mais baixa: 85%.

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“Há muitas escolas fechadas, mas há também uma forte adesão na saúde pelo descontentamento que existe. Esta greve justifica-se pelo facto de não sermos aumentados há uma década”, destaca por seu lado José Abraão, da FESAP.

Na Madeira, foram afectados serviços municipais, escolas e outras entidades da saúde. Em Lisboa, dos 210 circuitos de recolha de lixo apenas se realizaram 21.

Segundo a Lusa, os dados sindicais apontam ainda para o encerramento de câmaras, serviços municipalizados, associações de bombeiros, empresas municipais e intermunicipais. “A luta vai continuar”, garante Ana Avoila, com Arménio Carlos a secundar esta promessa. Se o Governo voltar à mesa das negociações, “temos caminho para andar”, sublinha o líder da CGTP; “se não, temos caminho para confrontar”, acrescenta.  “E se formos pela segunda via já está agendado o dia do confronto seguinte, que vai ser a 15 de Novembro, com uma grande manifestação em Lisboa, com trabalhadores da administração pública e trabalhadores do sector privado porque também no sector privado não é admissível o que se está a passar", prossegue, aludindo à contratação colectiva.

Citado na TSF, Arménio Carlos foi ainda mais contundente nas críticas: "Há uns meses dissemos que íamos ter um verão e um outono quentes. Houve alguns que ouviram e que pensaram que aquilo era um bluff. A mentira mais cedo do que tarde acaba por ser denunciada e aqueles que diziam que a paz social estava instalada e que os trabalhadores simplesmente se subjugavam àquilo que lhes era imposto agora confirmam que a CGTP nunca esteve parada."  com Lusa