Oslo despede-se da "rua cor-de-rosa" no sábado

Depois de vaticinado o encerramento de vários bares históricos no Cais do Sodré, é o Oslo que irá despedir-se da "rua cor-de-rosa". Ordem de despejo originou o fecho do espaço.

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O espaço, aberto desde 1981, fechará portas até ao início de Novembro Daniel Rocha

A zona do Cais do Sodré continua a ilustrar a tendência de encerramento de alguns locais incontornáveis de Lisboa. A parte ribeirinha da cidade tem sido procurada, nos últimos anos,  por inúmeros projectos imobiliários de luxo e de turismo que têm transformado a área. Desta vez foi o Oslo, um dos bares históricos localizados na "rua cor-de-rosa", que anunciou o seu encerramento para breve.

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A zona do Cais do Sodré continua a ilustrar a tendência de encerramento de alguns locais incontornáveis de Lisboa. A parte ribeirinha da cidade tem sido procurada, nos últimos anos,  por inúmeros projectos imobiliários de luxo e de turismo que têm transformado a área. Desta vez foi o Oslo, um dos bares históricos localizados na "rua cor-de-rosa", que anunciou o seu encerramento para breve.

Carlos Monteiro, um dos sócios do espaço, confirmou ao PÚBLICO a notícia avançada pelo jornal I de que tem até dia 2 de Novembro para “entregar as chaves” à proprietária do espaço, a DreamStreet, uma imobiliária pertencente ao grupo MainSide Investments, que é responsável pela Pensão Amor, um dos bares mais concorridos da zona.

O próximo sábado, 27, será o “último dia de trabalho” no bar, adianta o responsável. Dadas as circunstâncias da ordem de despejo, não haverá possibilidade de assinalar a data com nenhuma celebração para o efeito, garante Carlos.  “Depois disso, é para juntar as coisas, as bebidas e aparelhos”.

O medo já pairava desde meados de 2015, altura em que o Oslo terá recebido a primeira ordem de despejo. Mas, à época, ainda faltavam três anos para o final do contrato celebrado entre as duas partes. Carlos Monteiro e o sócio decidiram, então, levar a ordem a tribunal e ganharam a causa – uma decisão judicial que lhes permitiu continuar no espaço até ao momento. Findo o contrato, vêem-se agora obrigados a sair. “Não tenho hipótese de fazer mais nada. O que vou eu fazer?”.

Carlos não esconde a tristeza que sente por ter de abandonar o bar que ali existe desde 1981 e que foi a sua casa por mais de 15 anos. “Se a câmara me ajudasse com um espaço, eu abriria noutro lado”. Contudo, confessa que quando entrou em contacto com o município, “já era tarde” e que acredita não haver nada mais a fazer.

O dono recorda, agora, alguns episódios que têm sido revividos por antigos clientes desde que souberam do encerramento do bar: “Há malta que vem aqui dizer que foi muito feliz neste espaço. Houve muitos casamentos aqui…”.

Na sua opinião, é impossível negar que o Oslo é um bar com história pois, afinal de contas, foi um estabelecimento que assistiu à transformação da zona. E critica: “Enquanto o Cais do Sodré foi mau, ninguém queria lá estar mas depois dos bares limparem a rua da malandragem, dos roubos e dos problemas, todos quiseram comprar na zona”.

“Passei aqui muitas dificuldades e sempre consegui aguentar o bar. Agora, como o Cais está no auge, dizem que se faz mundos e fundos. É tudo oportunismo”, remata. O ainda responsável da casa na Rua Nova do Carvalho afirma que tentou entrar em contacto com a imobiliária, juntamente com outros proprietários de bares vizinhos, mas não obteve resposta.

O PÚBLICO questionou a MainSide Investments sobre qual seria a intenção para o espaço, mas não obteve resposta.

Texto editado por Ana Fernandes