Incerteza em Itália não altera plano de retirada do BCE
Num cenário de abrandamento da zona euro e com o conflito entre Itália e Bruxelas a agitar os mercados, o BCE mantém a estratégia de deixar de comprar dívida pública no final do ano. Taxas de juro não sobem até ao próximo Verão.
Apesar dos sinais cada vez mais fortes de abrandamento na economia da zona euro e das incertezas em torno da nova política orçamental italiana, o Banco Central Europeu (BCE) decidiu manter a mesma estratégia de retirada dos estímulos monetários que já tinha definido no passado mês de Junho, terminando o programa de compra de activos no final deste ano e deixando uma eventual subida das taxas de juro pelo menos para o Verão de 2019.
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Apesar dos sinais cada vez mais fortes de abrandamento na economia da zona euro e das incertezas em torno da nova política orçamental italiana, o Banco Central Europeu (BCE) decidiu manter a mesma estratégia de retirada dos estímulos monetários que já tinha definido no passado mês de Junho, terminando o programa de compra de activos no final deste ano e deixando uma eventual subida das taxas de juro pelo menos para o Verão de 2019.
A reunião do Conselho de Governadores do BCE que se realizou esta quinta-feira em Frankfurt não trouxe, como se esperava, novidades na política seguida pelo banco central. A autoridade monetária europeia manteve as taxas de juro a que empresta dinheiro aos bancos da zona euro a 0% (com a taxa de juro dos depósitos em -0,4%), reafirmou que o programa de compra de activos (principalmente títulos de dívida pública dos países da zona euro) irá chegar ao seu fim no final deste ano, que a partir desse momento o BCE passará apenas a reinvestir nas dívidas que chegarem ao fim do seu prazo e que as taxas de juro se irão manter a zero pelo menos até ao Verão do próximo ano.
Na conferência de imprensa que se seguiu a estas decisões, Mário Draghi explicou porque é que não mudou nada na estratégia do BCE apesar de, entre a última reunião e a desta quinta-feira, os sinais de abrandamento da economia da zona euro se terem tornado mais claros e o conflito entre a Comissão Europeia e a Itália subido de tom, com as taxas de juro do país a subirem de forma acentuada. “Sim, há uma conjuntura mais fraca e uma descida dos indicadores de confiança. E a questão que colocamos é: será esta uma mudança suficiente forte para alterar para a nossa avaliação? Não, ainda não é. Mas é claro que temos de olhar para as previsões de Novembro [que serão feitas pelos técnicos do BCE]”, afirmou o presidente do BCE, assinalando, como é hábito, que o banco central está pronto para agir caso a evolução da economia assim o justifique.
Em relação a Itália, país de onde é natural, Draghi manifestou “confiança de que um acordo [entre a Comissão Europeia e o governo italiano] ainda venha a ser atingido”. No entanto, assinalou os riscos que a Itália está a correr com a subida de taxas de juro que se tem vindo a verificar nos mercados. “Inevitavelmente, vão-se sentir efeitos no acesso ao crédito das famílias e das empresas e no crescimento da economia”, afirmou, reconhecendo que os níveis de capital dos bancos também podem ser afectados.
Já no que diz respeito aos riscos de contágio para outros países da chamada periferia da Europa, como Portugal, o presidente do BCE disse que era difícil, por agora, distinguir os efeitos de Itália dos impactos específicos de cada país. “Talvez haja algum contágio, mas em todo o caso é reduzido”, afirmou.