Governo financia inteligência artificial na saúde, mobilidade e educação

A saúde, a mobilidade urbana e a educação são o grande foco dos 15 novos projectos na área de inteligência artificial apoiados pelo Governo. Os projectos escolhidos contam com um financiamento de 3,8 milhões de euros.

Fotogaleria

Em Portugal, há 15 novos projectos que põem algoritmos inteligentes a analisar dados da administração pública para encontrar informação escondida – e criar soluções – nas áreas da saúde, educação, mobilidade urbana e ordenamento do território. Fazem parte da missão do Governo para empregar mais inteligência artificial nos serviços públicos portugueses. Esta quarta-feira, o Instituto Nacional de Estatística foi palco para a apresentação das várias iniciativas que, este ano, contam com um financiamento que se aproxima dos quatro milhões de euros.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

Em Portugal, há 15 novos projectos que põem algoritmos inteligentes a analisar dados da administração pública para encontrar informação escondida – e criar soluções – nas áreas da saúde, educação, mobilidade urbana e ordenamento do território. Fazem parte da missão do Governo para empregar mais inteligência artificial nos serviços públicos portugueses. Esta quarta-feira, o Instituto Nacional de Estatística foi palco para a apresentação das várias iniciativas que, este ano, contam com um financiamento que se aproxima dos quatro milhões de euros.

A saúde, a mobilidade nas cidades, e a educação foram os três grandes focos. Entre a selecção, há projectos para prever a procura de urgências hospitalares e a probabilidade de alguém se viciar em videojogos (um problema que a OMS passou a classificar como doença mental este ano). Outros ajudam a diagnosticar algumas doenças (particularmente alguns tipos de cancro e doenças neurodegenerativas como a Alzheimer), a compreender os factores por detrás do sucesso académico, ou mesmo a antecipar avarias nos transportes públicos.

Resultam todos da cooperação entre instituições científicas e entidades da adminstração pública. Estão a ser desenvolvidos no âmbito do eixo da inovação do INCoDe.2030 (Iniciativa Nacional Competências Digitais), que o Governo estabeleceu em 2017 para aumentar as competências digitais no país.

“Queremos prevenir em vez de remediar. Desde ficar preso numa fila, a situações mais graves como a detecção do cancro da pele”, explicou Maria Manuel Leitão, ministra da Presidência e da Modernização Administrativa, na apresentação dos projectos.

No total, Portugal conta com 19 projectos na área da inteligência artificial e ciência de dados. Foi em 2017, que o Governo arrancou com a iniciativa com quatro projectos experimentais, um dos quais pretendia detectar de forma precoce o desemprego de longa duração. Até 2020, o objectivo é financiar pelo menos 30 iniciativas com dez milhões de euros. Este ano, os projectos escolhidos contam com um financiamento de 3,8 milhões de euros pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia. 

Manipular dados para o bem público

Para o ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Manuel Heitor, os projectos assentam todos na ideia de “manipular dados com o objectivo de beneficiar o bem público”.

Foto
Manuel Heitor, ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior

Uma das iniciativas, por exemplo, tem o objectivo de diminuir a sinistralidade rodoviária em Setúbal – trata-se do distrito português onde se regista um maior número de mortes na estrada. Com base em dados da GNR, algoritmos inteligentes vão tentar determinar factores importantes na ocorrência de diferentes tipos de acidentes. 

Já na área da saúde, entre sete projectos aprovados, há um mecanismo de análise de fotografias macroscópicas (possíveis de ver a olho nu) para ajudar no diagnóstico de cancro da pele. Está a ser desenvolvido pelo centro de investigação Fraunhofer Portugal em parceria com o Ministério da Saúde. 

Para Manuel Heitor, o conjunto de projectos representa o primeiro passo na criação de uma estratégia nacional para a inteligência artificial. “Tudo depende das competências digitais”, ressalva o ministro, que, no entanto, vê o investimento em formação na área como uma prioridade.

Para perceber o estado actual das competências digitais dos cidadãos a nível europeu, este mês a rede europeia REISearch lançou o jogo iNerd. Com a pergunta “quão nerd é a Europa”, o objectivo é ajudar os participantes a perceber o conhecimento que têm em áreas como a inteligência artificial. Faz parte da terceira campanha do projecto lançado pelo Atomium – Instituto Europeu para a Ciência, Media e Democracia.

“Já temos a inteligência artificial em quase todo o lado, até no nosso telemóvel”, nota a ministra Maria Manuel Leitão. Tal como Manuel Heitor, considera mais formação na inteligência artificial como fundamental. Errar faz parte do processo. “Quem inova, falha sempre”, acrescenta a ministra que diz o Governo está preparado para alguns projectos falharem. “Quem inova e nunca falha é porque inova muito pouco.”