Tancos: ex-chefe de gabinete do ministro não foi constituído arguido
O tenente-general Martins Pereira esteve mais de cinco horas a ser interrogado como testemunha pelos procuradores que investigam o reaparecimento suspeito do material militar furtado de Tancos.
O antigo chefe de gabinete do ex-ministro da Defesa Azeredo Lopes já foi ouvido como testemunha pelo Ministério Público, no âmbito da Operação Húbris, que investiga o aparecimento das armas furtadas do paiol de Tancos.
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O antigo chefe de gabinete do ex-ministro da Defesa Azeredo Lopes já foi ouvido como testemunha pelo Ministério Público, no âmbito da Operação Húbris, que investiga o aparecimento das armas furtadas do paiol de Tancos.
Segundo a Procuradoria-Geral da República, "a diligência consistiu na inquirição de uma testemunha", adiantou o gabinete de imprensa da Procuradoria-Geral da República em resposta ao PÚBLICO "tem nove arguidos”, “o inquérito encontra-se em investigação e está em segredo de justiça”. O facto de a investigação continuar com o mesmo número de arguidos desde o início de Outubro, significa que Martins Pereira não foi constituído arguido nesta quarta-feira.
Entre os arguidos estão o ex-director da Polícia Judiciária Militar (PJM), tenente Luís Vieira e o antigo porta-voz da PJM, major Vasco Brazão. O coronel Vieria foi ouvido pela segunda vez ontem e remeteu-se ao silêncio perante as dúvidas dos procuradores. O major Vasco Brazão foi ouvido, pela segunda vez, na semana passada. Nessa audição, marcada a seu pedido, o ex-porta-voz da PJM entregou dois documentos no DCIAP (um dos quais o memorando) e reafirmou que o então ministro Azeredo Lopes tinha sido informado da operação para recuperar o material de guerra umas semanas depois de ela ter acontecido, sob responsabilidade da PJM.
Audição na PJ
A diligência desta quarta-feira tinha o início previsto para as 10h no Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP) e terminou pelas 15h45. Pelas 11h da manhã, uma funcionária do DCIAP informou os jornalistas que o interrogatório de Martins Pereira, "por uma questão de logística, estava a decorrer na Polícia Judiciária", cujas instalações ficam em frente ao DCIAP.
Martins Pereira foi chefe de gabinete do ex-ministro da Defesa Nacional entre 7 de Dezembro de 2015 e 11 de Janeiro de 2018 e é, desde 15 de Janeiro, adjunto do Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas para o Planeamento e Coordenação.
A Polícia Judiciária deteve em 25 de Setembro o director e outros três responsáveis da PJM e um civil e três elementos do Núcleo de Investigação Criminal da GNR de Loulé. Vasco Brazão foi detido para interrogatório uma semana depois e encontra-se em prisão domiciliária.
O furto de material militar do paiol de Tancos – instalação entretanto desactivada – foi revelado no final de Junho de 2017. Entre o material furtado estavam granadas, incluindo antitanque, explosivos de plástico e uma grande quantidade de munições. As armas acabaram por aparecer na Chamusca em 17 Outubro de 2017 e foram recuperadas pela PJM, estando agora os contornos dessa operação em investigação no DCIAP.
Para o Ministério Público, existem "factos susceptíveis de integrarem crimes de associação criminosa, denegação de justiça, prevaricação, falsificação de documentos, tráfico de influência, favorecimento pessoal praticado por funcionário, abuso de poder, receptação, detenção de arma proibida e tráfico de armas".