Pais acusam Governo de "mentir" sobre nova pediatria do hospital de São João

Representante dos pais defende a criação de um "regime de excepção", porque as crianças são tratadas "em condições miseráveis" e estão a "correr risco de vida".

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LUSA/ESTELA SILVA

A associação dos pais de crianças com doença oncológica do Hospital de São João acusou esta quarta-feira o Governo de "mentir" sobre a nova ala pediátrica, afirmando que o problema não se resolve com "um concurso sem data".

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A associação dos pais de crianças com doença oncológica do Hospital de São João acusou esta quarta-feira o Governo de "mentir" sobre a nova ala pediátrica, afirmando que o problema não se resolve com "um concurso sem data".

"O anúncio de hoje [quarta-feira] do primeiro-ministro e da ministra da Saúde é a certeza de uma mão cheia de nada ou cheia de ilusões. É uma mentira para empurrar para a frente, para as pessoas pensarem que o problema [do atendimento das crianças em contentores] está resolvido. Mas não é com um concurso sem data que se vai resolver", disse Jorge Pires, porta-voz da APOHSJ (Associação Pediátrica Oncológica).

Defendendo a criação de um "regime de excepção", porque as crianças são tratadas "em condições miseráveis" e a "correr risco de vida", o representante dos pais reagiu desta forma ao anúncio feito pelo primeiro-ministro sobre a possibilidade de "avançar com o lançamento" do concurso para a nova ala pediátrica do São João.

António Costa disse que o reforço do orçamento da saúde permitirá "avançar com o lançamento" do concurso para a nova ala pediátrica do Hospital de S. João, mas a ministra da tutela afirmou ainda não haver data.

"O concurso para uma obra desta envergadura e montante financeiro não fica pronto no próximo ano ou ano e meio. O projectista já disse que só consegue ter o projecto revisto em Abril. Entretanto, as crianças continuam a ser atendidas em condições miseráveis e em risco de vida", acrescentou. Para o responsável, "o que tivemos foram mais mentiras do Governo e do PS".

"O primeiro-ministro admitiu a hipótese de ser criado um regime de excepção para o caso e desafiou a oposição a fazê-lo. Quando a oposição apresenta uma recomendação nesse sentido, eles chumbam-na", descreveu Jorge Pires.

Os pais querem, por isso, a criação desse "regime de excepção". O representante dos pais lembra que a empreitada "já começou [em 2015, através do projecto 'Joãozinho'] com dinheiros privados", mas "o Governo parou a obra dizendo que a fazia com dinheiros públicos". "Então, que faça", reclamou.

O presidente da associação notou ainda que "este é um problema do Porto e da região Norte" e "nem o presidente da Câmara do Porto nem outras figuras públicas da região têm vindo a público falar deste caso".

Confrontada com as declarações do primeiro-ministro, a nova ministra da tutela disse não ter "data para esse concurso", que não está "nas estritas mãos do Ministério da Saúde".

De acordo com Marta Temido, os procedimentos "estão nas mãos de um conjunto de profissionais que estão empenhados em responder o melhor e mais depressa possível às necessidades de longa data do Hospital de S. João".

"Estamos todos empenhados em conseguir responder o mais depressa possível às necessidades do S. João e às necessidades, concretamente, das crianças e dos pais. É isso que está a ser feito", garantiu.

Marta Temido referiu que "há um projecto que está a ser revisto" e que a informação de que dispõe é que "o centro hospitalar está com as equipas técnicas a analisar o projecto que já era de alguns anos", sendo que "o trabalho ainda não está completo" e que "muito recentemente o conselho de administração decidiu optar por uma solução que permitiria rever o projecto e imprimir celeridade".

"Posto isso, é necessário avançar com o concurso para a obra", disse.