Salvini critica “ataque à economia italiana” e diz que orçamento não muda
O vice-primeiro ministro de Itália diz que Bruxelas “pode mandar 12 cartas até ao Natal”, que mesmo assim o seu Governo não irá alterar o plano de orçamento para 2019.
O vice-primeiro ministro de Itália Matteo Salvini assegurou esta quarta-feira que a proposta de orçamento que o país enviou à Comissão Europeia é para manter, por mais que Bruxelas ameace com sanções.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
O vice-primeiro ministro de Itália Matteo Salvini assegurou esta quarta-feira que a proposta de orçamento que o país enviou à Comissão Europeia é para manter, por mais que Bruxelas ameace com sanções.
"Bruxelas pode mandar 12 cartinhas, daqui até ao Natal”, mas o orçamento “não muda", afirmou o vice-primeiro-ministro italiano, Matteo Salvini, em entrevista à rádio RtL citada pelo jornal La Repubblica.
Criticando aquilo que diz ser um “ataque à economia italiana”, o também líder da Liga, garantiu que o Governo encabeçado por Giuseppe Conte não vai alterar uma vírgula à proposta de orçamento que apresentou no dia 15, apesar de, na terça-feira, ter sido anunciado que a proposta chumbou no crivo de Bruxelas e tem de ser corrigida num prazo de três semanas.
Justificando a estratégia seguida pelo seu governo, Salvini assegurou que será a única capaz de relançar a economia italiana e reduzir o endividamento: “Se as pessoas trabalham mais, gastam mais e pagam impostos”, afirmou.
“O meu dever é fazer diferente daquilo que já fizeram Monti e Renzi”, frisou Salvini, acusando os seus antecessores de terem seguido a estratégia “aplaudida pela Europa” e, com isso, feito disparar a dívida pública “em 300 mil milhões de euros” (um valor que o La Repubblica corrige, dizendo que são 200 mil milhões).
Assegurando que não é seu desejo sair do euro ou da União Europeia, Salvini sublinhou, no entanto, que “os italianos vêm em primeiro lugar” e que “a Itália já não está disposta a submeter-se a regras tontas”.
A proposta apresentada por Itália para 2019 assenta numa previsão de crescimento económico de 1,5%, um défice orçamental de 2,4% e uma dívida pública de 130% do PIB. Para a Comissão Europeia, que pela primeira vez rejeitou a proposta orçamental de um Estado membro da UE, considerando que não cumpre as metas estabelecidas no Pacto de Estabilidade e Crescimento, os objectivos de crescimento italianos são impossíveis de alcançar com o aumento da despesa e da dívida.
“Pelo contrário, tem um efeito oposto”, assinalou na terça-feira o vice-presidente da Comissão Europeia responsável pela pasta do Euro e da Estabilidade Financeira, Valdis Dombrovskis, secundado pelo comissário europeu dos Assuntos Económicos e Financeiros, Pierre Moscovici: “Aumentar a dívida não é uma estratégia inteligente”, afirmou.