Marina Silva declara apoio a Haddad na segunda volta das presidenciais
Candidata derrotada na primeira ronda diz ter o “dever ético e político” de apoiar o petista e acusa Bolsonaro de representar a “degradação da natureza, da coesão social e da civilização”.
A seis dias da votação decisiva das presidenciais brasileiras, Marina Silva declarou o seu apoio a Fernando Haddad. A candidata da Rede – ficou em oitavo lugar na primeira volta, com apenas 1% dos votos – já tinha apelado aos seus eleitores para não votarem em Jair Bolsonaro, mas entendeu ser necessário oferecer o seu “voto crítico” ao concorrente do Partido dos Trabalhadores (PT), por considerar que uma vitória do ex-capitão traz consigo vários riscos o para o futuro do Brasil.
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A seis dias da votação decisiva das presidenciais brasileiras, Marina Silva declarou o seu apoio a Fernando Haddad. A candidata da Rede – ficou em oitavo lugar na primeira volta, com apenas 1% dos votos – já tinha apelado aos seus eleitores para não votarem em Jair Bolsonaro, mas entendeu ser necessário oferecer o seu “voto crítico” ao concorrente do Partido dos Trabalhadores (PT), por considerar que uma vitória do ex-capitão traz consigo vários riscos o para o futuro do Brasil.
“Perante o pior risco iminente, de acções que, como diz Hannah Arendt, ‘destroem sempre que surgem, banalizando o mal’, propugnadas pela campanha do candidato Bolsonaro, darei um voto crítico e farei oposição democrática a uma pessoa que, ‘pelo menos’ e ainda bem, não prega a extinção dos direitos dos índios, a discriminação das minorias, a repressão aos movimentos, o aviltamento ainda maior das mulheres, negros e pobres, o fim da base legal e das estruturas da protecção ambiental, que é o professor Fernando Haddad”, anunciou Marina, através de um comunicado, divulgado na segunda-feira à noite.
Haddad agradeceu o apoio, numa mensagem partilhada no Twitter. O candidato do PT assumiu que o voto de Marina o honra, “por tudo que ela representa e pelas causas que defende”.
A antiga senadora assume, no entanto, ter consciência de que os resultados que a sua candidatura obteve no dia 7 de Outubro não lhe permitem mais do que uma tomada de posição “simbólica”. “Sei que, com apenas 1% de votação no primeiro turno, a importância da minha manifestação, numa lógica eleitoral restrita, é puramente simbólica. Mas é meu dever ético e político fazê-la”, justificou.
Marina Silva, que na segunda volta das eleições presidenciais de 2014 deu o seu apoio a Aécio Neves, o opositor da petista Dilma Rousseff, vê na candidatura de extrema-direita um “risco imediato a três princípios fundamentais” da sua postura política: protecção ambiental; respeito pelos direitos das comunidades indígenas; e defesa pela democracia. Sobre este último ponto lamenta o “pouco apreço [de Bolsonaro] às regras democráticas” e denuncia as “manifestações irresponsáveis e levianas a respeito das instituições públicas” proferidas pelo capitão reformado.
A candidata da Rede à presidência do Brasil, uma evangélica ciosa da sua fé, criticou ainda a forma como Bolsonaro e os seus apoiantes estão a valer-se da fé cristã na sua campanha: “É um engano pensar que a invocação ao nome de Deus pela campanha de Bolsonaro tem o objectivo de fazer o sistema político regressar aos fundamentos éticos orientados pela fé cristã. A pregação de ódio contra as minorias frágeis, a opção por um sistema económico que nega direitos e um sistema social que premeia a injustiça, fazem da campanha de Bolsonaro um passo adiante na degradação da natureza, da coesão social e da civilização”.
José Maria Eymael, da Democracia Cristã, que teve 0,04% de votos na primeira volta, também anunciou o seu apoio à candidatura do PT na segunda-feira. Citado pelo Estado de São Paulo, o candidato presidencial que ficou em penúltimo lugar na primeira volta, com pouco mais de 41 mil votos, instou Haddad a “ultrapassar as barreiras do PT e a firmar, com as lideranças político-partidárias do país, um pacto nacional pela democracia no Brasil”.