Trump diz que vai reduzir ajuda à América Central devido à “marcha dos migrantes"

O Presidente norte-americano referiu-se ao movimento migratório como uma “emergência nacional” e disse que vai “cortar ou reduzir substancialmente” a ajuda financeira a Guatemala, Honduras e El Salvador, numa série de tweets publicados esta segunda-feira.

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Donald Trump afirma que se trata de uma "emergência nacional" Reuters/JONATHAN ERNST

O Presidente norte-americano, Donald Trump, disse esta segunda-feira que vai “cortar ou reduzir substancialmente” a ajuda financeira a Guatemala, Honduras e El Salvador, devido à caravana de migrantes que se dirige aos Estados Unidos.

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O Presidente norte-americano, Donald Trump, disse esta segunda-feira que vai “cortar ou reduzir substancialmente” a ajuda financeira a Guatemala, Honduras e El Salvador, devido à caravana de migrantes que se dirige aos Estados Unidos.

Numa série de tweets, o Presidente acusou os governos dos três países de “não terem sido capazes de fazer o seu trabalho” e impedir os seus cidadãos de se dirigirem “ilegalmente até aos Estados Unidos”. Assim, vai cumprir as ameaças feitas no dia 16 de Outubro ao Governo das Honduras e reduzir a ajuda financeira aos três países.

De acordo com a organização não-governamental Washington Office on Latin America (WOLA), Guatemala, Honduras e El Salvador receberam um total combinado de mais de 500 milhões de dólares (435 milhões de euros) no ano fiscal de 2017 como ajuda governamental.

Não se conhecem em concreto os planos do Presidente Trump, mas é certo que o valor, que desceu significativamente de 2016 para 2017, está prestes a diminuir outra vez. Segundo a Reuters, grupos pró-imigração dizem que cortar as ajudas é contraprodutivo se o objectivo é conter a onda de migrantes, e que a assistência serve o propósito de estabilizar os países, para que os cidadãos não sintam necessidade de fugir da vida que levam.

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A ONU estima que se tenham juntado mais de 7000 pessoas à caravana EDGARD GARRIDO/REUTERS

Os três países são dos mais violentos no mundo, e a vaga crescente de violência, pobreza e corrupção são algumas das razões dos migrantes para fugirem rumo aos Estados Unidos, na marcha que começou com 160 pessoas, mas ganhou corpo à medida que avançava.

Trump referiu-se ainda ao movimento migratório como “uma emergência nacional”, assegurando que “criminosos não identificados e indivíduos do Médio Oriente” estão entre os migrantes, e que alertou a patrulha da fronteira e os militares para a sua chegada.

Contudo, o porta-voz do Departamento de Defesa dos Estados Unidos, Tenente-coronel Jamie Davis, disse não ter obtido novas ordens para estipular tropas para a segurança da fronteira, segundo a Associated Press. Neste momento, estão 2100 soldados da Guarda Nacional ao longo da fronteira no Texas, Novo México, Arizona e na Califórnia, diz o governo.

O líder do governo norte-americano lamentou também que as autoridades mexicanas não tenham sido capazes de travar a onda de quatro mil migrantes. Ainda que num primeiro momento tenham conseguido bloquear aqueles que não tinham documentação, cerca de 900 pessoas entraram ilegalmente no país pelo rio Suchiate, que separa o México da Guatemala, sem qualquer intervenção policial, diz a BBC.

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Centenas de migrantes atravessaram a fronteira através do rio Suchiate EDGARD GARRIDO/REUTERS

No entanto, as autoridades mexicanas afirmam estar a encorajar os migrantes a requerer pedidos de asilo e que mais de 1000 pessoas iniciaram o processo, segundo a BBC.

Segundo o porta-voz das Nações Unidas, Farhan Haq, o secretário-geral da instituição, António Guterres, falou com os presidentes da Guatemala e das Honduras no sentido de enviar uma “equipa de emergência” para o sul do México, diz a Reuters. A ONU estima que mais de 7000 pessoas estejam na caravana e que muitas tenham intenções de continuar rumo ao norte.

Utilizando a narrativa anti-imigração que o ajudou a ser eleito em 2016, o Presidente culpou também os Democratas pelas leis “fracas” da imigração, a duas semanas das eleições intercalares.

“Cada vez que virem uma caravana, ou pessoas a entrar ilegalmente, ou a tentar entrar, pensem e culpem os Democratas por não nos darem os votos para mudarmos as nossas patéticas leis anti-imigração! Lembrem-se das eleições intercalares!”, reforçou o Presidente, na sua conta do Twitter.

“Trump e os Republicanos controlam a Casa Branca e o Congresso há dois anos. Quando ele se queixar da imigração, lembrem-se que eles não têm soluções reais. Se tivessem, teríamos passado uma reforma para a imigração e protecção para os Dreamers [que impediria a deportação de jovens que foram levados para os EUA em criança] há muito tempo”, acusou o Democrata Don Beyer, no Twitter.

Perante as ameaças de Trump no dia 16 de Outubro, o Presidente das Honduras, Juan Orlando Hernández, pediu ao seu povo que não se juntasse à “caravana”, um “jogo político inumano e condenável”, onde “estão vidas pelo meio que estão em perigo”.

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Os migrantes aguardam permissão para entrar no México UESLEI MARCELINO/REUTERS

De acordo com figuras oficiais, 3400 migrantes regressaram a casa em autocarros enviados pelo governo hondurenho e guatemalteco à fronteira entre o México e a Guatemala. Ainda assim, milhares de pessoas continuam na fronteira, entre as quais mulheres grávidas e crianças, onde aguardam permissão para seguirem caminho até aos Estados Unidos.

Texto editado por Clara Barata