O relógio de 21 milhões de Catarina Martins e outras “fake news” à portuguesa
Rede de imagens falsas espalhadas pela internet tem como epicentro uma empresa de Santo Tirso, revela o Diário de Notícias.
Catarina Martins não é dona de um relógio no valor de 20,9 milhões de euros, mas uma imagem que garante que é (e chama à coordenadora do Bloco de Esquerda “a maior fraude da política portuguesa depois de António Costa”) já foi partilhada mais de 800 vezes. Há uma rede de imagens falsas, com suposto teor informativo, a funcionar em Portugal e tem como epicentro uma empresa de Santo Tirso, revela este domingo o Diário de Notícias.
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Catarina Martins não é dona de um relógio no valor de 20,9 milhões de euros, mas uma imagem que garante que é (e chama à coordenadora do Bloco de Esquerda “a maior fraude da política portuguesa depois de António Costa”) já foi partilhada mais de 800 vezes. Há uma rede de imagens falsas, com suposto teor informativo, a funcionar em Portugal e tem como epicentro uma empresa de Santo Tirso, revela este domingo o Diário de Notícias.
O semanário encontrou uma mão-cheia de sites portugueses – como o Direita Política, a Voz da Razão, Não Queremos um Governo de Esquerda em Portugal, Vídeo Divertido e Aceleras – que publicam e republicam este tipo de imagens ou textos.
Estes sites, revela o Diário de Notícias, estão todos registados no Canadá e partilham o mesmo IP (o protocolo de Internet que permite chegar à origem de uma página).
A investigação do jornal permitiu concluir que a empresa responsável pelo alojamento e propagação destas mentiras com fins políticos é a Forsaken, uma firma de informática de Santo Tirso com um só dono, João Pedro Rosas Fernandes.
O fenómeno das notícias falsas, conhecido globalmente como fake news, tornou-se evidente na campanha para as eleições presidenciais dos Estados Unidos e, mais recentemente, no Brasil. A imagem falsa do relógio de Catarina Martins, publicada em sites como o Direita Política, replica uma outra que tem Fernando Haddad, candidato do PT às presidenciais brasileiras, como alvo.
Na quinta-feira, o jornal Folha de São Paulo revelou que empresários apoiantes do candidato de extrema-direita Jair Bolsonaro tinham financiado pacotes de disseminação de mensagens por grupos de WhatsApp contra o seu adversário, Fernando Haddad.
João Fernandes disse ao DN, por email, ser, “desde o primeiro momento”, um apoiante de Bolsonaro e de Trump. Rejeita que se dedique a propagar notícias falsas e diz que não trabalha para nenhuma organização política ou económica. “Já ajudei na criação de muitos sites, maioritariamente de empresas, mas nunca colaborei com nenhum encomendado por pessoas ligadas ao meio político.”