Estudo conclui que um quinto da população tem carência grave de vitamina D

Percentagem de pessoas com défice de vitamina D varia muito consoante as estações do ano e a região do país.

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NELSON GARRIDO

O problema do défice de vitamina D ganhou actualidade porque na semana passada os responsáveis de um dos estudos cujos resultados tinham sido questionados em Abril de 2017 numa reportagem da SIC voltaram a apresentar uma investigação, esta muito mais abrangente – engloba toda a população adulta, a partir dos 18 anos, incluindo agora também os mais idosos, o que não acontecia antes. As conclusões do estudo foram divulgadas no chamado Fórum D – um grupo que tem como “parceiros” vários laboratórios que vendem medicamentos com vitamina D e uma das empresas que disponibilizam material para as análises.

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O problema do défice de vitamina D ganhou actualidade porque na semana passada os responsáveis de um dos estudos cujos resultados tinham sido questionados em Abril de 2017 numa reportagem da SIC voltaram a apresentar uma investigação, esta muito mais abrangente – engloba toda a população adulta, a partir dos 18 anos, incluindo agora também os mais idosos, o que não acontecia antes. As conclusões do estudo foram divulgadas no chamado Fórum D – um grupo que tem como “parceiros” vários laboratórios que vendem medicamentos com vitamina D e uma das empresas que disponibilizam material para as análises.

Os resultados são preocupantes: uma parte significativa da população portuguesa, mais de 65%, terá défice deste nutriente. Mais de um quinto (21,2%), segundo este trabalho, apresenta mesmo uma deficiência considerada “severa” – menos de 10 nanogramas por mililitro de sangue. E 45,4% têm deficiência "moderada" (entre 10 a 20 nanogramas por mililitro).

Intitulado A carência de Vitamina D em Portugal, o estudo conclui que "apenas 3,6% da população tem níveis considerados normais, com níveis superiores a 30 nanogramas por mililitro". Para este trabalho foram analisadas 3092 amostras de sangue disponíveis num biobanco (Epireumat) e que foram colhidas entre Setembro de 2011 e Dezembro de 2013. O estudo foi desenvolvido pelo Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra e a Faculdade de Medicina da Universidade desta cidade, em colaboração com a Nova Medical School, que forneceu as amostras que, segundo os autores, são representativas da população nacional.

Mas a percentagem de pessoas com défice do nutriente varia consoante as estações do ano e a região do país. Quando se considera a prevalência de deficiência severa de vitamina D, percebe-se que esta é consideravelmente menor no Verão (8,4%) do que no Inverno (24,3%) ou na Primavera (30,5%), altura do ano em quando atinge o máximo.

De igual forma, é muito superior nos Açores (46,5%), em comparação com as outras regiões do país. No Algarve é de apenas 8,7%, em média, quando em Lisboa e Vale do Tejo é de 17,8%. 

A dimensão do problema varia entre géneros e grupos etários. Os investigadores concluíram que as mulheres têm um risco 1,9 vezes superior de terem níveis baixos de vitamina D e os idosos (pessoas com mais de 70 anos) têm um risco 2,5 vezes maior do que a população mais jovem. Os fumadores e os obesos também têm um risco acrescido.

Apesar de observar que "a mudança de estilos de vida é um passo importante", a reumatologista que apresentou o estudo, Cátia Duarte, considerou que, nos grupos de risco "em que não é possível a modificação dos factores de risco, a suplementação poderá ser indicada, embora no idoso já esteja contemplada pela Direcção-Geral de Saúde".

Além dos efeitos nefastos ao nível ósseo, "bem documentada no raquitismo da criança", a falta de vitamina D na população adulta jovem e mais idosa estará, alegou, associada a diversas comorbilidades, "nomeadamente doença cardiovascular, a diabetes e maior associação a algumas neoplasias e doenças autoimunes".

O estudo ainda aguarda publicação numa revista científica, segundo o seu coordenador, José Pereira da Silva.