Presidente da República garante desconhecer factos sobre reaparecimento das armas

O Presidente da República garantiu este sábado à Agência Lusa desconhecer os factos na base do desaparecimento e reaparecimento das armas de Tancos, recordando que tem insistido na exigência do esclarecimento de "toda a verdade, doa a quem doer".

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Rui Gaudencio

O Presidente da República garantiu este sábado à agência Lusa desconhecer os factos na base do desaparecimento e reaparecimento das armas de Tancos, recordando que tem insistido na exigência do esclarecimento de "toda a verdade, doa a quem doer".

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O Presidente da República garantiu este sábado à agência Lusa desconhecer os factos na base do desaparecimento e reaparecimento das armas de Tancos, recordando que tem insistido na exigência do esclarecimento de "toda a verdade, doa a quem doer".

"Ora, se eu insisti e insisto nessa exigência é, precisamente, porque, tal como todos os portugueses, não sabia nem sei os factos que ocorreram e as inerentes responsabilidades, nomeadamente criminais", afirmou Marcelo Rebelo de Sousa, que é também comandante supremo das Forças Armadas.

Em resposta a perguntas da agência Lusa sobre se sabia dos factos relacionados com o reaparecimento das armas furtadas há mais de um ano do paiol de Tancos, o chefe de Estado sublinhou que, desde Junho do ano passado, "nalguns casos semana a semana", tem insistido "no sentido de exigir o esclarecimento de toda a verdade, doa a quem doer".

"Precisei que se trata de apurar factos e responsabilidades, quer quanto ao desaparecimento das armas, quer quanto ao seu destino, quer quanto ao seu reaparecimento", frisou.

Por outro lado, questionado se falou com o ex-chefe do Estado-Maior do Exército (CEME), general Rovisco Duarte, antes de ter este ter pedido a resignação, o Presidente da República respondeu negativamente. "Antes de ter recebido a carta de resignação do então CEME não me foi pedida por ele nenhuma audiência e, por isso, ela não se realizou", disse.

O Presidente da República deu posse, na sexta-feira, ao novo CEME, José Nunes da Fonseca, numa breve cerimónia no Palácio de Belém, em Lisboa, na qual esteve presente o seu antecessor, Rovisco Duarte.

O general Rovisco Duarte apresentou na quarta-feira a carta de resignação ao Presidente da República, dois dias depois da posse do novo ministro da Defesa Nacional, João Gomes Cravinho, que substituiu Azeredo Lopes após a sua demissão, há uma semana, na sequência dos desenvolvimentos da investigação do Ministério Público à recuperação do material militar furtado em Tancos.

A demissão de Rovisco Duarte aconteceu um ano depois da recuperação da maior parte do material furtado em Tancos, divulgada pela Polícia Judiciária Militar (PJM), em comunicado, no dia 18 de Outubro de 2017, na Chamusca, a cerca de 20 quilómetros dos paióis de Tancos.

A investigação do Ministério Público à recuperação do material furtado, designada Operação Húbris, levou à detenção para interrogatório de militares da PJM e da GNR.

E se fosse chamado para ser ouvido na futura Comissão Parlamentar?

O Presidente da República afirmou ainda, à Lusa, que falará directamente aos portugueses sobre o caso de Tancos, "sempre que tal se impuser", e acrescentou que continuará a exigir a "máxima rapidez" no apuramento da verdade.

"Em homenagem à mesma transparência que tem caracterizado o meu mandato, sempre que tal se impuser, não deixarei de esclarecer directamente os portugueses, que me elegeram, perante os quais respondo, acerca de todas as matérias que sejam efectivamente relevantes. Como é o caso de Tancos", assegurou Marcelo Rebelo de Sousa.

E deixou ainda outra garantia: "Não deixarei de continuar a exigir o apuramento da verdade e a solicitar a máxima rapidez possível, dentro do respeito da autonomia do Ministério Público. Portugal não deve ficar, indefinidamente, com dúvidas sobre [uma] questão essencial para o Estado de Direito e o prestígio das Forças Armadas".

Quanto a um eventual pedido para ser ouvido na futura Comissão Parlamentar de Inquérito sobre o caso de Tancos, o chefe de Estado disse não ter conhecimento de "qualquer iniciativa nesse sentido", e advertiu: "Mas sei que tal não tem qualquer acolhimento constitucional ou legal."