Cabelo volta a crescer em doente com calvície de origem imunitária
Depois de fazer um tratamento com um medicamento para o eczema, o cabelo de uma rapariga de 13 anos com alopecia voltou a crescer.
Uma equipa de cientistas dos Estados Unidos anunciou na revista JAMA Dermatology que um medicamento para o eczema conseguiu fazer crescer o cabelo de uma doente com alopecia total (sem cabelo no couro cabeludo). A equipa quer agora fazer um ensaio clínico para investigar melhor este tratamento.
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Uma equipa de cientistas dos Estados Unidos anunciou na revista JAMA Dermatology que um medicamento para o eczema conseguiu fazer crescer o cabelo de uma doente com alopecia total (sem cabelo no couro cabeludo). A equipa quer agora fazer um ensaio clínico para investigar melhor este tratamento.
A doente deste trabalho era uma rapariga com 13 anos. Desde os sete meses que fazia tratamentos para o eczema (ou dermatite atópica), uma doença cutânea. Além disso, tinha alopecia total – doença auto-imune que provoca a perda total do cabelo – desde os dois anos.
Em Julho de 2017, esta rapariga começou a levar injecções semanais de dupilumab, um medicamento que tinha acabado de ser aprovado pela FDA (a agência federal que regula os medicamentos e a alimentação nos EUA) para o tratamento de eczema moderado e grave.
Depois de seis semanas de tratamento, os sintomas provocados pelo eczema melhoraram e pequenos cabelos finos e incolores (uma espécie de penugem) começaram a crescer no couro cabeludo. Ao fim de sete meses de tratamento, já tinham crescido cabelos maiores e pigmentados.
Devido a esta mudança, o tratamento foi interrompido durante dois meses. Nessa altura, a rapariga voltou a perder cabelo. Mas, em Abril de 2018, fez novamente o tratamento e o cabelo continuou a crescer. A equipa salienta ainda que os restantes tratamentos para o eczema aplicados a esta rapariga não tinham feito o cabelo crescer.
“Ficámos bastante surpreendidos porque esta doente não tinha cabelo desde os seus dois anos”, refere Maryanne Makredes Senna, do Hospital Geral do Massachusetts, (Estados Unidos) e uma das autoras do trabalho, num comunicado da sua instituição. “Apresentamos aqui o primeiro caso conhecido de crescimento de cabelo num doente com alopecia total associado ao uso do dupilumab”, lê-se no artigo científico.
E como explicam os cientistas que isto tenha acontecido? Maryanne Makredes Senna indica que “o mecanismo do dupilumab de atingir uma via-chave do sistema imunitário conhecida por ser hiperactiva no eczema poderá explicar a sua acção contra a alopecia”. E acrescenta: “Por agora, é difícil de saber se o dupilumab poderá induzir o crescimento de cabelo noutros doentes com alopecia. Mas suspeito que poderá ser útil em doentes com alopecia universal [perda de cabelo em todo o corpo] e alopecia areata [que, normalmente, afecta uma parte do couro cabeludo].”
Em 2014, uma equipa de cientistas aplicou um fármaco para doenças sanguíneas em doentes com alopecia areata e conseguiu que o cabelo de três pessoas voltasse a crescer em três meses.
Relativamente ao recente trabalho, Maryanne Makredes Senna indica no comunicado que a equipa submeteu uma proposta para um ensaio clínico em que se dará dupilumab a doentes com alopecia. “Esperamos ser capazes de investigar mais isto [o tratamento] num futuro próximo”, salienta a cientista.