AR recomenda ao Governo plano de arranque dos eucaliptos que rebentaram depois dos incêndios

Plano deve incluir apoios à substituição do eucalipto por espécies autóctones e ao arranque de acácias.

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Nelson Garrido

Por proposta do Bloco de Esquerda, o Parlamento aprovou uma recomendação ao Governo para que crie, com carácter de urgência, um programa de apoio ao arranque dos eucaliptos que voltaram a ter rebentos depois dos incêndios do ano passado. Na prática, os deputados de todos os partidos de esquerda, com a abstenção do PSD e do CDS, querem que o executivo faça um plano que formalize aquilo que o Presidente da República andou a fazer na passada terça-feira em Vouzela.

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Por proposta do Bloco de Esquerda, o Parlamento aprovou uma recomendação ao Governo para que crie, com carácter de urgência, um programa de apoio ao arranque dos eucaliptos que voltaram a ter rebentos depois dos incêndios do ano passado. Na prática, os deputados de todos os partidos de esquerda, com a abstenção do PSD e do CDS, querem que o executivo faça um plano que formalize aquilo que o Presidente da República andou a fazer na passada terça-feira em Vouzela.

O diploma recomenda que seja um programa "desburocratizado e de rápida implementação" para arrancar os eucaliptos nascidos já depois dos grandes incêndios de Junho e Outubro, e que atribua também apoios à substituição do eucalipto por espécies autóctones de maior resistência ao fogo. E propõe-se também que o Governo desenvolva ainda um programa para "controlar o enorme avanço da invasão de acácias", que estão a nascer nos terrenos queimados.

Mais de um ano depois dos incêndios, é visível nas áreas queimadas o ressurgimento do verde de milhares de eucaliptos que se regeneram naturalmente, assim como os que "nascem sobre a terra queimada e terrenos circundantes, como se fossem mega alfobres" - ou seja, gigantescos viveiros, descreve o Bloco no seu projecto de resolução.

"Esta autêntica 'invasão' fará com que as novas plantas de eucalipto cresçam desordenadamente, não só onde já havia eucaliptais antes dos incêndios, mas alastrem também para pinhais, matas e outras zonas florestais e agrícolas." O que dificulta a gestão dos terrenos afectados e os torna ainda mais vulneráveis a novos incêndios.

Os especialistas em biologia e floresta consideram que estes rebentos se devem arrancar no espaço de seis meses porque mais tarde será "mais difícil e dispendiosa" - sendo depois mesmo necessário usar maquinaria. E é preciso também evitar que se usem herbicidas que iriam afectar as nascentes de água das serras.

Pelo caminho, com os votos contra do PSD e PS, e a abstenção do CDS, ficou um outro projecto de resolução do PAN que era bem mais ambicioso. Recomendava a elaboração de um plano de controlo da regeneração natural dos eucaliptos, a criação de uma comissão de acompanhamento para a vigilância, prevenção e controlo das exóticas lenhosas invasoras.