Facebook lança em Portugal inquérito sobre confiança nos sites de notícias
Utilizadores vão poder indicar os órgãos de comunicação que conhecem e o quanto confiam neles.
O Facebook irá em breve começar a perguntar aos utilizadores em Portugal qual opinião que têm sobre diferentes meios de comunicação social. O objectivo é perceber a credibilidade que os utilizadores dão aos diferentes sites.
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O Facebook irá em breve começar a perguntar aos utilizadores em Portugal qual opinião que têm sobre diferentes meios de comunicação social. O objectivo é perceber a credibilidade que os utilizadores dão aos diferentes sites.
O inquérito resume-se a dois tipos de perguntas, explicou a empresa ao PÚBLICO. O primeiro tipo procura perceber se o utilizador conhece vários órgãos noticiosos numa lista (a resposta limita-se a escolher “sim” ou "não” para cada um). Já o segundo género de questões procura avaliar quanto é que o utilizador confia em cada órgão, através de seis opções: uma escala de cinco opções que vai de "confio totalmente" a "não confio", e uma opção extra para "não sei".
O Facebook não esclareceu se o inquérito se limita apenas a órgãos nacionais ou também inclui órgãos internacionais. Nas imagens enviadas ao PÚBLICO, porém, apenas constam sites de notícias portugueses.
O inquérito é parecido com o que foi utilizado nos EUA, e que foi alvo de várias criticas devido ao formato minimalista.
No futuro, se os dados recolhidos forem considerados relevantes, poderão influenciar a credibilidade e a visibilidade que os algoritmos do Facebook dão a cada meio de comunicação. Mas a empresa frisou que isto não é uma certeza e que a informação recolhida poderá mesmo nunca ser utilizada. Trata-se de uma "exploração preliminar da possibilidade de trazer essa alteração do feed de notícias a Portugal”, explicou a rede social.
Portugal parece ser um país de contradições no que toca à confiança no jornalismo. Na versão de 2018 do Digital News Report, um relatório anual sobre o sector, os consumidores de notícias em Portugal surgem entre os que mais confiam nas notícias (62% acreditam nos meios de comunicação). Porém muitos têm dúvidas sobre notícias que são partilhadas nas redes sociais (apenas 29% confiam na informação que lá surge), apesar de mais de metade (53%) admitir que usa o Facebook para consultar este tipo de informação. Cerca de 22% acedem a notícias através do YouTube, e 19% fazem-no na aplicação de mensagens do Facebook.
Para Mark Zuckerberg, o combate à desinformação não passa por apagar informação que está errada, mas por impedir que essa se espalhe. “Não se pode impedir alguém de dizer algo falso, mas pode-se impedir notícias falsas e desinformação de se espalhar na nossa plataforma”, disse em Julho. Zuckerberg reforçou que “é o principio de dar voz às pessoas”, e que “em discussões sobre a liberdade de expressão, caminha-se sobre uma linha ténue”. Admitiu que, por vezes, se está a “defender o direito das pessoas dizerem coisas, mesmo que sejam más.”
O inquérito faz parte de um conjunto de iniciativas para diminuir a proliferação de informação falsa e para apagar a imagem de plataforma de desinformação, que se começou a colar ao Facebook após a eleição de Donald Trump, há dois anos.
Esta semana, o Facebook abriu à imprensa americana as portas do seu centro de combate às notícias falsas nos EUA para mostrar mais de 20 equipas a colaborar na detecção e revisão de denúncias de publicações que incluem notícias falsas.
Em 2017, o site descobriu que uma operação com origem russa gastou cerca de 100 mil dólares em milhares de anúncios que divulgavam informação falsa sobre temas como os direitos humanos. Terão sido visto por cerca de 126 milhões de americanos. O problema não se limita aos EUA.
Este ano, surgiram provas de que ataques de ódio a minorias na Birmânia resultaram de desinformação difundida no site. O Facebook fechou ainda uma rede de páginas e contas utilizadas para espalhar notícias falsas pelos membros de um grupo da direita brasileira, e desmontou campanhas de propaganda e desinformação com origem na Rússia e no Irão.