Intervenção de reforço dunar na praia da Vagueira só deverá avançar em 2019
Anunciada em 2016, a operação de recarga de areias oriundas do Porto de Aveiro ainda não foi concretizada. Autarca de Vagos alerta para a importância desta obra.
Ainda vai ser preciso esperar pela chegada da Primavera do próximo ano para assistir ao início da prometida recarga de areia no troço costeiro entre a Costa Nova e a Vagueira, nos municípios de Ílhavo e Vagos, respectivamente. A intervenção foi anunciada pelo governo, há já dois anos, mas “está bastante atrasada”, lamenta Silvério Regalado, presidente da câmara municipal de Vagos. O edil alerta para a necessidade de se avançar com esta obra, sob pena de se perder “a conquista dos últimos anos”, vinca. “Há sete anos, o nosso território ficou mais resiliente com a intervenção de reforço do cordão dunar que foi feita, mas, como em tudo na vida, é preciso que se faça manutenção”, destaca o autarca daquela que é uma das zonas mais sensíveis do litoral português.
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Ainda vai ser preciso esperar pela chegada da Primavera do próximo ano para assistir ao início da prometida recarga de areia no troço costeiro entre a Costa Nova e a Vagueira, nos municípios de Ílhavo e Vagos, respectivamente. A intervenção foi anunciada pelo governo, há já dois anos, mas “está bastante atrasada”, lamenta Silvério Regalado, presidente da câmara municipal de Vagos. O edil alerta para a necessidade de se avançar com esta obra, sob pena de se perder “a conquista dos últimos anos”, vinca. “Há sete anos, o nosso território ficou mais resiliente com a intervenção de reforço do cordão dunar que foi feita, mas, como em tudo na vida, é preciso que se faça manutenção”, destaca o autarca daquela que é uma das zonas mais sensíveis do litoral português.
A intervenção em questão, incluída no Plano de Acção Litoral XXI, prevê o reforço do cordão dunar com mais de dois milhões de metros cúbicos de sedimentos, parte dos quais já estão em depósito na área do Porto de Aveiro. Outra parte resultará de dragagens que ainda terão de ser realizadas - nos fundos na bacia de manobra do terminal Norte -, mas nunca antes da Primavera. “Tanto esta operação de dragagem como o transporte das areias por via marítima não são compatíveis com o período de Inverno”, argumenta Olinto Ravara, presidente da Administração do Porto de Aveiro, entidade parceira da Agência Portuguesa do Ambiente (APA) nesta intervenção.
Contactada pelo PÚBLICO, a APA não respondeu ao pedido de esclarecimentos sobre o atraso verificado no arranque desta obra. Já o administrador do Porto de Aveiro evoca “razões que têm a ver com processos burocráticos”. “Foi preciso lançar concurso público, procedimento sujeito a reclamações, e quando estava já tudo preparado para avançar, deixou de haver oportunidade uma vez que a intervenção terá de ser feita no período entre Abril ou Maio e Outubro”, justifica Olinto Ravara. Orçada em 14,5 milhões de euros, a empreitada é comparticipada pelo PO SEUR em 5,2 milhões de euros – o restante será suportado pela APA e pelo Porto de Aveiro.
Intervenção de emergência em vésperas da tempestade
Se não houver mais nenhum atraso, e a cumprir-se a perspectiva de Olinto Ravara – o mandato da actual administração do Porto de Aveiro terminou no final do passado mês de Março –, a área costeira de Vagos poderá ficar mais protegida para enfrentar o Inverno de 2019. Até lá, ainda terá de enfrentar o Outono e Inverno deste ano, sendo certo que, muito recentemente, a área da chamada praia do Labrego teve de ser alvo de uma intervenção com carácter de urgência. O mar avançou e estava já muito próximo das dunas. “Após o nosso alerta, a APA esteve no local a fazer um reforço do cordão dunar, mesmo a tempo de enfrentarmos a tempestade Leslie”, explica o líder da autarquia vaguense.
Uma resposta a uma situação de emergência que, nota Silvério Regalado, não substitui aqueles que considera serem “dois projectos fundamentais para aumentar a resiliência da praia da Vagueira”: a já referida recarga de areia e a elaboração do estudo para a construção de um quebra-mar destacado – estruturas de engenharia costeira construídas em sentido paralelo à linha de costa. Esta segunda frente de batalha ainda levará o seu tempo, uma vez que é necessário “ter o máximo de informação possível antes de a obra ser executada”, realça o autarca, notando que “é uma intervenção que não ficará nada barata”.
Recentemente, Silvério Regalado enviou uma carta ao ministro do Ambiente, João Pedro Matos Fernandes, a dar nota das suas preocupações em torno da erosão no litoral do concelho de Vagos, tanto mais porque, neste último Verão, ao contrário do que é habitual “o mar não depositou areia nas praias” do município. “Se nada for feito, voltamos a ter um cenário de risco”, adverte o presidente da câmara de Vagos.