Presidente numa acção de limpeza da floresta. Um gesto simbólico pouco comentado
Verdes saúdam colaboração do Presidente da República, mas defendem que é preciso fazer muito mais para travar o eucalipto.
O Presidente da República deu o exemplo, na terça-feira, e o PEV aplaudiu o "gesto simbólico" mas avisa que "é preciso muito mais". Marcelo Rebelo de Sousa juntou-se a uma brigada, em Vouzela, que organizou uma acção de limpeza de infestantes e apareceu numa fotografia a arrancar um eucalipto: “Estamos nesta acção precisamente porque estamos preocupados. A natureza fez irromper outra vez eucaliptos por toda a parte, quer aqui, quer na área atingida em Junho”, afirmou aos jornalistas na Mata da Nossa Senhora do Castelo.
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O Presidente da República deu o exemplo, na terça-feira, e o PEV aplaudiu o "gesto simbólico" mas avisa que "é preciso muito mais". Marcelo Rebelo de Sousa juntou-se a uma brigada, em Vouzela, que organizou uma acção de limpeza de infestantes e apareceu numa fotografia a arrancar um eucalipto: “Estamos nesta acção precisamente porque estamos preocupados. A natureza fez irromper outra vez eucaliptos por toda a parte, quer aqui, quer na área atingida em Junho”, afirmou aos jornalistas na Mata da Nossa Senhora do Castelo.
Ao seu lado tinha um representante do Governo, o ministro Pedro Marques. “Experimente ver se arranca melhor à direita ou à esquerda”, desafiou-o o Presidente, assumindo que, no seu caso, a direita é mais forte. “Dá-me sempre mais jeito à esquerda”, respondeu Pedro Marques.
Brincadeiras à parte, o Presidente também ajudou a plantar espécies autóctones e assumiu que gostaria que o seu gesto viesse a ser seguido. O PÚBLICO tentou obter um comentário dos vários partidos e do secretário de Estado das Florestas, mas sem resposta em tempo útil.
Apesar de considerar "um acto simbólico", Manuela Cunha, o rosto do Conselho Nacional do Partido Ecologista Os Verdes, diz que o gesto do Presidente é "importante porque assume que o eucalipto tem um papel preponderante na dimensão, na propagação e nas consequências nefastas que os incêndios assumem em florestas com esta espécie de árvore". E também "alerta as populações" para os seus perigos.
"Sendo positivo, é preciso ir muito mais longe e travar e até mesmo recuar na área de cultivo de eucalipto permitida", diz Manuela Cunha ao PÚBLICO. Na posição conjunta que o PEV assinou com o PS está estipulado o compromisso para "travar a eucaliptização" do país, mas a dirigente ecologista lamenta que não haja "um verdadeiro interesse de confronto" com o mercado desta espécie. Ainda assim, os Verdes "não dão por encerrada esta luta" e prometem "fazer mais propostas para a limitação do eucalipto", ainda nesta legislatura.
Já o PCP, no Verão do ano passado, apresentou uma proposta de alteração no âmbito da reforma da floresta a qual previa uma redução gradual na área de plantação de eucaliptos. Meses mais tarde, o Bloco avançou com uma moratória contra a plantação dessa mesma árvore até que entrasse em vigor uma nova lei, mais restritiva.
Neste ponto, a esquerda concorda. Esta semana, o ministro da Agricultura lembrou que desde Outubro do ano passado que é proibido plantar eucaliptos, excepto nas áreas que já estão por eles ocupadas. “Se, porventura, existem plantações que surgem espontaneamente fora das áreas actuais, isso naturalmente é proibido e é da responsabilidade dos proprietários”, concluiu Capoulas Santos.